quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Foi bom pra você ?

Lembra da última vez que você foi a um estádio? Foi bom pra você? Como o flanelinha te recebeu? Tenho certeza de que você se sentiu seguro, não só ao chegar, mas lá dentro também. Ir ao banheiro e comprar algo pra beber, então, foi tranquilo, sem maiores percalços. Sei. Posso imaginar.

Ah! Não foi bem assim? Opa! Não sabia que você já tinha cartão de crédito! Perdoe. Nossa economia anda tão dinâmica que nem me dei conta. ! Mesmo assim não foi uma maravilha? Entendo. Veja, esse papo de que tem coisa que o dinheiro não compra e que pra todas as outras existe não sei o que lá, é no sentido figurado. É uma alusão. Nada que mereça crença. Não se iluda. Esse cobiçado cartão de plástico só te permite comprar coisas do tamanho do crédito que tens na praça, e nem um centavo a mais. Não ouse. Existe uma grande diferença entre coisas que não se compram e coisas que não se encontram pra vender.

Não se trata disso? Como assim?Tens razão. Nessa era PFC a preguiça entrou no jogo pra valer. Lógico. Dá pra compreender! Nada como o sofá de casa, o clima familiar e todas as regalias possíveis à mão. Ir, ou ficar, decisão das mais disputadas essa. E, pra completar, o tempo em que a aura das arenas era convidativa passou. Ai, ai, ai. Diante da realidade que se apresenta é fácil concluir que há muito a fazer.

Talvez não! Uma pesquisa que acaba de ser divulgada sugere que uma única ação poderia levar boa parte dos torcedores a mudar de idéia. Sem organizadas, 61,7 % deles prometem voltar para as arquibancadas. A pesquisa feita pela TNS Sport Brasil no final de novembro ouviu gente de todos os estados brasileiros, mais o Distrito federal. O trabalho de campo revelou ainda que 86% dos entrevistados consideram as torcidas organizadas as principais responsáveis pela violência nos estádios.

Dizem os números desse estudo que São Paulo, a maior cidade do país - que já foi cenário de algumas das principais barbáries envolvendo esse tipo de torcedor - não é a que mais nutre repulsa por essas facções uniformizadas. O título ficou com a cidade de Santos, onde a rejeição alcançou 95%. Num país que ainda tem presidente de clube afirmando que as organizadas têm lá seu papel fica a prova de que a maioria deles sequer conseguiu entender direito os desejos da torcida.

Mas um banheiro limpo, um lugar marcado e respeitado, uma polícia pra "tomar conta" dos flanelinhas, uma venda de ingressos mais decente, também fariam um bem danado. Assim, talvez, nossos cartolas pudessem se aventurar nessa fatídica e traiçoeira pergunta, que é também o título deste artigo, correndo menos risco de passar vergonha na hora de ouvir a resposta.

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