terça-feira, 25 de agosto de 2009

Jogando pra valer

Peço paciência aos que pousam seus olhos sobre estas linhas um tanto saudosos de uma visão mais humana sobre o jogo de bola, coisa que tanto aprecio também. Mas volto aqui para falar de táticas. Ou melhor, sobre uma tática, muito apreciada.

Não se trata exatamente do que você está pensando.

Nada de dissecar aqui o pra lá de aceito 4.4.2. Quero falar sobre a tática preferida dos cartolas. A tática de abrir os cofres. Há entre os barões da bola, e não é de hoje, a certeza de que sem gastar muito é impossível montar um time. Razões para defender essa teoria eles têm aos montes. Qualquer observador mais atento seria capaz de listar algumas delas, já que são mais álibis do que razões propriamente ditas.

Faz tempo que certas verdades se estabeleceram no mundo do futebol.

Seja no gramados, ou nos gabinetes, quando a situação fica preta o negócio e partir pro ataque. Trata-se praticamente de um mandamento. E fechar os olhos para os ensinamentos sugeridos pela prática seria, antes de tudo, burrice. Enquanto uns se lixam para a opinião pública, os cartolas se lixam mesmo é para as dívidas.

Juntos, os principais clubes do nosso país, em 2008, ficaram quase vinte e sete por cento mais endividados. Nesse ritmo - com uma pequena licença matemática - em três anos terão dobrado o tamanho do poço. Incentivadas por esse brilhante resultado contábil, as nossas ilustres agremiações deram início ao repatriamento de craques autoexilados, como Ronaldo e Adriano. Exemplos impressionantes de aplicação tática.

Chego a acreditar que Florentino Perez, não é apenas o Presidente galáctico do Real Madrid, da Espanha, é no fundo, o líder espiritual, o guru, de uma seita só para iniciados. Chego a ter a petulância de achar que encontrei a fórmula que nos levou a cinco títulos mundiais.

Pobres argentinos. Como podem sonhar em nos alcançar se os principais clubes de lá devem juntos "apenas" trezentos e cinquenta e cinco milhões de reais? Ainda que se leve em conta o tamanho do nosso mercado, a diferença entre as economias, o rombo verde e amarelo de três bilhões e duzentos e quarenta e oito milhões de reais soa como uma baita goleada.

O Vasco, e seus trezentos e oitenta milhões, sozinho, deve mais do que todos os argentinos. E o Flamengo está quase lá, com seus trezentos e trinta e três milhões de papagaios. Deve ter sido de olho nessa tática que o Santos, no ano passado, dobrou os gastos com direitos de imagem.

É compreensível que neste cenário o Avaí com sua folha mensal de seiscentos mil reais - incluindo comissão técnica - pareça mesmo coisa de outro mundo. Vitorioso, ou não, o time da Ressacada já provou que é bom de tática. O resto é espetáculo pros manés.

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