sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Levantando a bola

exatos vinte anos morria Carlos Drummond de Andrade, que na qualidade de poeta traduziu como poucos a sutileza do dia-a-dia dos homens. E, talvez até por isso, tenha se rendido ao futebol. Esbanjou lucidez ao comentar a intenção do Brasil em sediar o Mundial de 1986. Disse o grande nome da nossa literatura:
“Grande pedida para acalmar impaciência e sofrimento popular é a idéia da Copa do Mundo no Brasil... Mas até lá viveremos ao abrigo da inflação, do desemprego, da dívida externa, da confusão política e de tudo o mais que atrapalha, chateia, assusta e torna impossível a vida cotidiana. Viva a Copa”
Drummond falou da paixão nacional com candura e frieza. Diante da tragédia de 1982, terminou seu texto, depois de enaltecer Telê e aquela geração, com uma reprimenda. Já corria o mês de Agosto quando a Itália de Paolo Rossi nos eliminou, e dizia ele:
“E agora, amigos torcedores, que tal a gente começar a trabalhar, que o ano está na segunda metade?”
Enfim, saudade de um craque de quem não dá pra não levantar a bola.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Promessa de cartola

O Corinthians foi até São Januário.
Vampeta disse que iria comer bacalhau.
Saiu derrotado pelo Vasco por 2 a 0.
Ou seja, fez da entrevista pós-jogo algo indigesto.
Teve que confessar para os repórteres que estava com a espinha do bacalhau entalada na garganta.
Nada que os duzentos e cinqüenta jogos pelo clube não o tenham ensinado a tirar de letra.
A minha impressão é a de que no meio do turbilhão alvinegro esqueceram até do time, de volta à zona do rebaixamento.
Mas, a derrota ficou feia mesmo quando o Seo Rubens, o vice-presidente, afirmou de maneira categórica que “o Corinthians vai brigar pelo título”.
Aí foi demais!

O horizonte santista

O Santos teve meia hora de Petkovic na Vila, contra o Paraná.
Mas a partida passou por outros pés.
Os de Marcos Aurélio, por exemplo, autor do primeiro gol.
Como 1 a 0 no placar não garantia nada, nas arquibancadas cinco mil pagantes respiravam curto. A peleja não estava nem ganha, nem fácil. A trave livrou o Santos de levar um gol do artilheiro Josiel aos trinta da etapa final. Salvadora foi também uma defesa de Fábio Costa três minutos depois.

Há tempos o time opcional do Luxemburgo me convence mais do que o de saída. Definitivamente não entendo o futebol do Carlinhos.
Que futebol? Dirão alguns.
Bom, já corriam os acréscimos quando os pés de Kleber Pereira entraram de vez para a história do jogo. 2 a 0, fim da apreensão santista.

O time da Vila Belmiro não empolga, mas tem um elenco de boa técnica. Nas mãos de Luxemburgo pode ser o suficiente.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Um instante de graça

O "Botafogo e São Paulo", no Maracanã, chega com a virtude dos jogos que causam ansiedade.
Nobreza de peleja que você espera chegar.
Que os dois times façam jus a essa aura. Uma pena que o duelo não tenha o bom futebol do Zé Roberto, que esgotou a paciência dos dirigentes do Bota.
Até que, enfim, o Campeonato Brasileiro de 2007 gerou um fato futebolístico notável.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

A primeira impressão é a que fica

O time de conselheiros do Corinthians acaba de sair de campo. Jogou pro gasto. Com o placar de 264 a 5 aprovou o afastamento por tempo indeterminado de Alberto Dualib. Pra usar um velho chavão, "fez a lição de casa".
Se a expectativa era a de ver um bom lance, o jogo complicado deixou claro que será preciso ir além, descobrir alguém que chame a responsabilidade, alguém disposto e com fibra para fazer o papel principal. É missão dura.
Os nomes que se destacam não são revelações.
O momento mexe com o passional. A torcida se exalta, mas precisa sacar que é hora de atuar sem tumultuar ainda mais o jogo

Se conselho fosse bom...

O Corinthians não entrará em campo nessa terça-feira, 07 de agosto, mas viverá uma noite decisiva. O espetáculo, dessa vez, será obrigação do time formado pelos conselheiros alvi-negros. Se o elenco que disputa o Campeonato Brasileiro não tem sido motivo de orgulho, vale lembrar que a atuação dos homens que decidem o futuro de um dos maiores times de futebol do país também não tem se notabilizado pelo brilho. Isso porque as medidas que estão sendo colocadas em andamento nesse momento são, antes de mais nada, tardias. É preciso apressar o passo.A expectativa para esse novo encontro é de que o Conselho Deliberativo vote o impeachament do presidente afastado, Alberto Dualib. Avançar, no entanto, exigirá bem mais do que isso, até porque o Conselho corintiano parece nesse momento uma grande retranca. A prioridade é não deixar as coisas piores, ficar de bem com a torcida. Cuidar de armar a vitória que é bom, nada. Na última reunião, uma vitória esmagadora marcou a decisão de acabar com a parceria entre o clube e o fundo de investimentos, o MSI. E o que foi feito até agora, depois da decisão? Nada!Não criaram um grupo para cuidar do caso, não contrataram uma auditoria, nem sequer comunicaram o fundo sobre o final da parceria. Diram os mais espertos que isso só poderá ser feito depois de tais providências, quando o clube tiver uma estratégia jurídica definida.Claro.A torcida, que sabe muito bem cobrar os jogadores, deve fazer o mesmo com o Conselho Deliberativo que também não tem demonstrado um bom toque de bola, nem muita habilidade e, o pior de tudo, é um grupo dividido.Resta saber quem, nessa noite tão importante, será capaz de um lance de efeito -como aquele do Vampeta - pra cima dessa "situação".

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Alguém vai pagar o "Pato"...

...e não será o Milan.
O clube italiano, pelo contrário, deve fazer muito dinheiro com o investimento.
Nunca o futebol brasileiro esteve tão vulnerável. Por isso, cada promessa que sair daqui para entrar pela janela do futebol europeu fará muita falta. Será como um golpe.
O que vai ficando são clubes endividados, cartolas cheios de má intenção, rodadas repletas de jogadores medianos.
O garoto Alexandre Pato, comprado pelo Milan por 56 milhões de reais, ainda não completou um ano como profissional. Não precisou mais do que alguns meses para provar o talento e atiçar a cobiça dos dirigentes.
Estamos nesse jogo dos negócios do futebol como um time batido, goleado, sem poder de reação.
O menino, orgulho do Internacional, vai amadurecer em outras terras.
Mais uma vez quem paga o “Pato” é o torcedor.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Álcool na fogueira

Durante muito tempo a torcida e a imprensa esportiva tentaram encontrar uma explicação para o fiasco da seleção brasileira na Copa da Alemanha. Quando o assunto já era parte do passado, o próprio presidente da CBF, Ricardo Teixeira, se encarregou de reacender a polêmica jogando uma boa dose de álcool na fogueira.
Teixeira, sem citar nomes, disse que vários atletas voltavam para a concentração depois das folgas, por volta das quatro, seis horas da manhã, bêbados.
O presidente da CBF também se mostrou indignado com a forma física de Ronaldo.
Quem presenciou o "desabafo" do presidente da CBF, no lobby de um hotel em Zurique, foi o correspondente do jornal "O "Estado de São Paulo", Jamil Chade.
A matéria promete ressuscitar também a sempre indesejável "ressaca".