O sábado promete ser de gala. A Libertadores, não é de hoje, seduziu todo mundo. Diria que até o mais radical nacionalista ludopédico, se é que eles existem, olham a tal Copa com aquele jeitão de quem às três da manhã procura alguém para ir dormir, como diria o rebelde Cazuza. E isso me faz lembrar que a malandragem promete ter uma papel importante no embate final entre Atlético Mineiro e Botafogo. Está aí um componente que desde sempre decidiu jogos. Não teria muita dificuldade em apontar o time carioca como dono do melhor futebol. Ocorre que há um sem fim de coisas que contribuem para o resultado final de um jogo. E em alguns quesitos os mineiros podem levar vantagem. A catimba é um deles. E não deixa de ser sintomática. O uso dela me faz crer que os comandados de Gabriel Milito, e ele consequentemente, já sacaram que só na bola talvez corram risco maior de deixar o nobre título escapar.
Também é fato que o Botafogo dá a impressão de ter vivido o apogeu nesta temporada mais ou menos no meio do segundo turno do Brasileirão, apesar do triunfo imenso no Allianz Parque. E ainda que um triunfo no Monumental de Núñez possa desdizer totalmente essa versão. É claro que é preciso deitar o olhar também sobre o Atlético, que desde a vitória sobre o River Plate não voltou a jogar a mesma bola. E o fato de ser no Monumental é outro viés que me faz pensar. Tenho gana de saber como é que nossos hermanos encaram essa hegemonia brasileira que anda se desenhando. Se a encaram como uma realidade com a qual é impossível brigar. Se a reduzem a um nefasto sintoma que faz brilhar quem pode gastar mais. Ou se na intimidade acabam por achar que são melhores e que dessa vez só não estão lá por obra desses infortúnios que muitas vezes fazem o futebol ser uma questão de sorte ou uma monumental obra do acaso.
Mas entre todas as teorias que essa final vem desenhando talvez aquela que diz que no embate entre os dois pelo Brasileirão a grande tática foi esconder o jogo seja a mais verdadeira. E aí com um pouco de malícia seria possível dizer que o Galo se esmerou na tarefa. Mas é impossível dizer que o time mineiro não foi bem sucedido porque na ocasião o resultado complicou um tanto a vida do líder do Brasileirão. E nada melhor para o Galo do que desestabilizar um time que sempre teve sobre si o peso de ter de se provar. Eu tento imaginar o tamanho do desconforto que o botafoguense sente quando o papo toma esse rumo. Mas é preciso entender que é coisa que não dá pra driblar. Não quando o título brasileiro do ano passado lhe escorreu pelas mãos.
O Botafogo infinitamente mais do que o Atlético tiraria proveito de uma final em dois jogos. O que temos visto nos leva a essa conclusão. Mas não é o caso. Quando se trata de decidir o título em noventa minutos perder a mão do jogo nem que seja por um minuto pode ser fatal. Mas pra lá de tudo o que foi dito aqui fica o gosto amargo da derrota mineira para o Juventude que fez o galo alcançar a marca de dez jogos sem vencer. E a vitória magistral do Botafogo sobre o Palmeiras na casa do rival, atual bicampeão do torneio. Mas talvez vença aquele que consiga compreender que o Brasileirão é uma coisa, a Libertadores outra.
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