quinta-feira, 12 de setembro de 2024

O opaco escrete nacional



A impressão que tenho passada a data FIFA é de que definitivamente a Seleção Brasileira só anda nos divertindo na esfera do debate. Com a bola no pé está longe disso. Como montar o escrete nacional é um tema instigante, em tudo quanto é papo de bola que andei frequentando nos últimos dias o assunto se impunha. E é só um entre tantos que a Seleção sugere. Não era pra menos. Retomando as Eliminatórias estacionada em uma vexatória sexta colocação ter de achar um time se fez algo urgente. Se Dorival o achou tenho dúvidas. Mas mês que vem tem mais Seleção, quando visitaremos os chilenos e receberemos os venezuelanos. 

O que dá pra apontar a essa altura é o quanto o discurso do presidente da CBF não fazia sentido algum. Enquanto prometia a chegada do técnico Carlo Ancelotti - que tenho a sensação nunca esteve mais perto do Brasil do que está neste exato momento -  dizia aos quatro ventos que não tinha pressa. Em julho passado anunciou Fernando Diniz e o torcedor talvez já não lembre que mesmo naquele momento continuava insistindo que Ancelotti assumiria o cargo na Copa América e comandaria nossa seleção até a Copa de 2026. O que conseguiu com isso tudo foi consumir um tempo precioso. Gastar parte de um ciclo que já parecia pouco para tarefa que se tinha pra realizar. 

Talvez o torcedor já não lembre também que o presidente da Confederação, ao apresentar Diniz, disse que a escolha se dava, entre outras coisas, porque a proposta dele era quase parecida com a do famoso treinador que estava a caminho. E aí é preciso reconhecer que esse quase parecida é que pegou. Não em um primeiro momento. Pois o começo de Diniz com o escrete nacional em nada pareceu com a realidade que não tardaria a se instalar. O debute com goleada sobre a Bolívia - é teve isso - foi interpretado por jornais mundo afora com tinta forte. 

O Diário AS, da Espanha sentenciou: show histórico de Neymar.  Ele tinha feito dois gols e ultrapassado a marca de Pelé em jogos oficiais com a seleção. Como se fosse possível estar acima de Pelé. O segundo capítulo também teve triunfo mas já deu pistas mais robustas do que viria. A vitória sobre o Peru, que mais tarde se acomodaria na lanterna das Eliminatórias veio com um gol solitário do zagueiro Marquinhos no penúltimo minuto do tempo regulamentar. Enfim, ainda vivemos mais um empate com a Venezuela, em casa, para em seguida desaguar na série de três derrotas seguidas para Uruguai, Colômbia e Argentina. Histórico que Dorival teve sobre as costas ao debutar diante do Equador na sexta passada e que faria qualquer treinador pensar duas vezes antes de escolher suas cartas. Coisa que, como abri dizendo, o torcedor fazia insistentemente. Afinal, a responsabilidade era do Dorival mas o interesse de muitos além dele. 

Dorival, assim como Diniz, venceu com direito a elogios o primeiro jogo no comando da Seleção. Não era uma partida de Eliminatória mas era contra uma seleção dita de primeira linha. Como Diniz, chegou lá num momento em que seu trabalho se destacava. Como Diniz, dá impressão de ir ficando menor investido do cargo. Daí a levar a seleção aos lugares que ela já frequentou vai chão. Mas talvez já tenha uma grande obra realizada se fizer o torcedor brasileiro voltar a se divertir minimamente com a seleção com a bola rolando. O que, convenhamos, é infinitamente mais difícil do que ganhar da Inglaterra. E não foi o caso nem contra o Equador, muito menos contra o Paraguai.  

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