quinta-feira, 7 de outubro de 2021

O jogo é hoje



Pensando no que espera o torcedor santista hoje a noite foi inevitável lembrar da frase que inicia a canção é dá título a uma das músicas do genial violonista Paulinho Nogueira, que se não me falha a memória era corintiano. Durante os anos em que estudei violão as partituras de Paulinho frequentaram minha pasta. Juro que tentei executá-las  com a maior virtuosidade que me era possível. Por falar nisso, até hoje me arrependo de não ter aproveitado as oportunidades que tive pra falar com ele. Nos últimos anos de vida, muitas vezes em que ia correr no Parque da Água Branca, em São Paulo, o via no início das manhãs sentado sozinho num dos bancos do Parque, com ar de quem pensava na vida e tramava sem dar pistas alguma nova obra.  O resto da primeira estrofe da música, aliás, faz todo sentido, não só a primeira frase ou o título, que com reverência plagiei. Diz a canção: O jogo é hoje/nosso time não pode perder/ Se não puder na bola/ Não dá bola vai de sola/ Que a torcida não quer nem saber.  Faz  ou não faz todo sentido? 

E não só para os santistas, mas também para os torcedores do São Paulo, o adversário desta noite no Morumbi.  É jogo com ar de tudo ou nada. Ou, menos polidamente como sugere a canção, vai ou racha. Tem sido comum se ouvir por aí que os dois times vivem momentos parecidos, andam sendo assombrados pela fantasma do rebaixamento, morando  perto da fronteira da tabela que separa a agonia da salvação. Na minha modesta opinião, não se trata de uma afirmação muito precisa. Não é bem assim. Há uma certo abismo separando as duas equipes.  Vejo o elenco do tricolor com muito mais opções do que o elenco santista, sobre quem pesa um sem fim de fatores.  Uma incômoda sequência de dez jogos sem vencer.  Um técnico recém chegado que , pra complicar, só viu a situação da equipe piorar desde então.  Isso sem falar no desmanche que o time santista viveu nos últimos tempos. 

O São Paulo, queiram ou não, conseguiu dar uma respirada ao vencer o Paulista e ainda tem sobre ele um ar de esperança de que o time se reencontre.  Ainda que o mesmo venha testando de lá pra cá a paciência dos são-paulinos. Sem contar o fato de que jogará em casa e bem na hora em que poderá ter de volta a sua torcida.  Chega a ser cáustico que o clássico que ficou conhecido como SanSão ostente neste momento tão pouca força. O treinador santista já deixou claro a preocupação com os efeitos da pressão que os jogadores andam sentindo. O fato é que só há uma maneira a essa altura de neutralizá-la, vencendo.  E não só hoje a noite. Será preciso seguir vencendo.  Nunca dar à Vila um ar de alçapão foi tão crucial.  

Na história recente do Santos o torcedor se acostumou a sugerir, com um discreto sorriso no rosto, que pros lados de Urbano caldeira o raio costuma cair sim duas vezes no mesmo lugar. Mas a coisa mudou e será necessário, como já disse, torcer pra que o raio que nunca caiu na Vila realmente não caia. E neste momento há no ar do que a simples assombração do descenso. Notem que a tal segundona nunca andou tão ameaçadora. Foi-se o tempo em que uma vez lá se dava quase por certo que o time grande seria capaz de voltar ba temporada seguinte. Enfim, como cantou Paulinho Nogueira, o jogo é hoje.  E como também diz a obra: tá na hora da grande emoção.

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