quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Em comum acordo



Tudo bem, o São Paulo ganhou o clássico contra o Corinthians! Mas se há uma maneira de perceber toda a manobra que o tricolor fez para trazer de volta ao comando do time o ídolo Rogério Ceni é notar que nunca na história desse país essa coisa de dizer que tudo se deu em comum acordo soou tão falsa. Faz algum tempo que esse, digamos, artifício de linguagem virou moda no futebol brasileiro. De modo geral a crônica tem feito vistas grossas, mas no caso do time do Morumbi não engoliu. A versão oficial não colou, nem poderia diante de todo o imediatismo que cercou a troca e escancarou o quanto tudo teve de premeditado.  

É fato que esse tipo de comportamento nasceu do velho jeitinho brasileiro. Bastou fazer soar a regra de qu uma coisa, creio, iremos concordar, há muito assunto bom que acaba ficando na peneira que chacoalha com a intenção de selecionar as notícias. Há temas que se impõem, forçam passagem, mas no minuto seguinte são esquecidos. Foi o caso do goleiro da Bélgica que meteu a boca no trombone criticando essa ideia que nos ronda de se fazer uma Copa do Mundo a cada dois anos. Pelo visto implodida horas atrás na reunião da FIFA, deixou isolado o presidente Infantino.  Courtois também gritou contra a insânia de um calendário que tem maltratado os atletas. Dito por aqui, como fez o treinador palmeirense, a coisa é até aceita, mas relevada.  Lá foi diferente. 

O goleiro belga viu três de seus companheiros de seleção serem autorizados a deixar a concentração por problemas físicos. O último deles, Lukaku, uma estrela. Trata-se de um tema sério.  Colocar em risco a saúde física dos jogadores é aceitar colocar o próprio espetáculo em risco.  Acho esse um grande tema. Primeiro em razão de que quase não se leva em conta que as lesões, talvez, não estejam só ligadas ao número de partidas, mas também às mudanças no jogo. Sabe-se que hoje se corre mais, se tem um número maior de lesões na cabeça, e que o jogo ganhou um aspecto preponderantemente físico. O que não se sabe é o custo de tudo isso.  

E não se fala que esse sintoma de calendários ainda mais esticados se deu quase que como um efeito colateral dos escândalos envolvendo o futebol e seus direitos de transmissão. Antes já acontecia com interesses políticos. Desde sempre se usou tal expediente. Mas diante da necessidade de se refazer contratos deu-se um jeito de oferecer mais aos interessados. Seria bom juntar os fatos que possam corroborar essa teoria. Estou convencido de que existem.  No mais, a graça do Brasileirão continua residindo na boa campanha de times como Bragantino e Fortaleza. E nessa dualidade entre Atlético Mineiro e Flamengo. 

A ver como os dois vão acabar as semifinais que começaram na noite de ontem. Mas vocês não precisam concordar comigo. Não temos necessidade alguma de chegar a um comum acordo.    e os times teriam limites para esse tipo de situação e , como num passe de mágica, ninguém mais manda treinador embora.  Todos civilizadamente se acertam. Transparência nunca foi um mandamento no futebol por mais que todos os cartolas gostem de dizer sorrindo que são adeptos.  Os treinadores que aceitam esse tipo de justificativa sem que ela seja verdadeira também têm lá sua culpa. Mas é sabido que ninguém gosta de ser visto como alguém que foi dispensado. Por mais que a gente saiba que é do jogo. 


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