sexta-feira, 16 de abril de 2021

Enfim, um jogo elogiável


Das duas uma. Ou a gente se permite imaginar demais, ou fatalmente o futebol brasileiro não tem mais como dar conta das nossas expectativas. O triste nessa história é que - faz tempo - não esperamos muito do jogo.  O gatilho da imaginação anda meio enferrujado, só dispara mesmo diante de um clássico ou coisa parecida. mas aí eis que damos de cara com esse Palmeiras e Flamengo do último final de semana. Diga-se, um raro jogo que entregou o que prometia. O fato de  ter sido um título pomposo do nosso futebol decidido em jogo único , na minha opinião contribuiu muito pra isso. Sei, corre por aí  que o Flamengo é mais time. Tenho lá minhas dúvidas. Embora não duvide  exatamente da capacidade rubro-negra  e sim de sua  competitividade. 

O que acho é que muitas vezes quando se fala do time da Gávea a coisa se mistura inevitavelmente com aquele outro time que encantou geral sob o comando do safo português Jorge Jesus. Não tem jeito, ficou no imaginário de quem gosta de futebol . O que não quer dizer que esse time da Gávea que anda por aí não mereça respeito. Pesa também sobre essa impressão o fato de que a essa altura o time da Academia é algo dividido entre o romântico e o pragmático. Como sugeriu  o próprio comandante do time alviverde, o também português, Abel Ferreira. Cujo comportamento à beira do campo tem lhe tirado o brilho. 

E se persiste essa impressão de um Flamengo mais sedutor, creio,  é justamente porque na fórmula palmeirense a dose maior tem sido de pragmatismo. Quando andamos carentes mesmo é de romantismo. É fato que os dois merecem reconhecimento por terem feito uma partida de futebol à altura do que se esperava dela. Ainda mais quando pesa sobre tudo e todos o fator pandemia.  Puderam se preparar para a tal. O que é um luxo na realidade atual.  A tabela do paulistão divulgada depois da liberação para que os jogos voltassem não nos deixa esquecer disso. Há quem terá de dar conta de quatro jogos no intervalo de sete dias. 

Mas voltando ao início da conversa, teve também quem tenha feito questão de lembrar que o Flamengo estava de certo modo um pouco à frente, pois já tinha colocado o time titular em campo algumas vezes , enquanto o Palmeiras por sua vez, depois de ter escalonado o elenco com o objetivo de dar algum descanso aos atletas, fez da Supercopa algo com um ar de estreia na temporada. Teorias e táticas à parte considero o Flamengo um time com laterais melhores que os do Palmeiras. E, em especial com Zé Raphael, o time alviverde fica bem atrás, em categoria, naquela parte do campo onde a armação e a marcação se confundem. Em outras palavras, Diego e Gerson formam um dupla que se deve respeitar. Ainda que Gerson, na minha opinião, esteja longe de jogar o que jogou tempos atrás, exatamente naquele momento em o rubro negro seduziu todo mundo, como dizia há pouco.  

Por mais que o Atlético Mineiro tenha feito malabarismos para conquistar um lugar nesse panteão, terá de se provar.  O jogo com o Cruzeiro deixou isso bem claro. Flamengo e Palmeiras seguem sendo os tais do futebol brasileiro.  A rivalidade que isso tem provocado faz bem pro futebol. A confusão e o bate boca, não. Já terão feito muito se, como vimos, derem conta de desenhar em campo um enredo que corresponda ao que se espera de um clássico, ou de um jogo que promete. Mas o futebol também nos surpreende, nos corrige. Antes de a bola rolar se me perguntassem com qual goleiro ficaria, diria sem pestanejar o nome de Weverton. Logo, teria saído de campo derrotado.

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