quinta-feira, 29 de junho de 2017

O requinte de um torcedor comum

Não sou sujeito desses de ficar por aí atazanando os outros por causa de futebol. Sabe aquele cara chato que quando seu time dá uma derrapada sempre aparece pra ressaltar o amargor da hora? Sem se mancar que um papo de futebol com direito a sarro só com intimidade. O tipo que se dá o direito de pintar na área todo zombeteiro sem ter contigo o mínimo de convivência não passa de um deselegante. Não é o caso do Jorjão lá do almoxarifado. Este soube muito bem ir construindo a relação. Sempre educado, sem pontos de vista descabidos. Figura daquelas que preza essa troca de impressões sobre o jogo tanto quanto o próprio jogo. 

Corintiano, como vocês podem imaginar,  o sujeito anda que não se cabe. O que tem me impedido, ao menos por hora, de com ar sacana perguntar para ele - meio de longe - porque é que anda tão escondido atrás do balcão. O que ele costuma fazer quando o Timão dá aquela patinada. É homem simples, prova disso é que antes do embate com o Grêmio, depois de perguntar o que é que eu achava, disse que trazer um pontinho dos pampas estaria de bom tamanho. Também não é desses que costuma fazer desfeita de vitórias magras. Mas jamais caia na besteira de falar bem do Rodriguinho perto dele. Mesmo porque o Jorjão não é que não goste da seleção (ainda mais essa que aí está) mas é que ele quer saber mesmo é do Corinthians. 

Já tentei de tudo quanto é jeito mostrar pra ele que o meia tem sido fundamental pro time dele. E ressaltei que não é de agora não, que bastaria ele fazer uma pesquisa breve e lhe saltaria aos olhos a quantidade de jogos que Rodriguinho ajudou a resolver fazendo gol ou dando passe. Mas o que me impressiona nesse tipo de torcedor é a convicção. Depois do embate em Porto Alegre fui ter com ele e quis saber se continuava pensando o mesmo do goleiro Cássio. Jorjão... não deixou a menor dúvida. 

Com a educação costumeira reconheceu a boa fase do titular, mas em seguida tratou de deixar claro que segue sendo mais o Walter. E não se fala mais nisso. Sobre o Patriotas, adversário de ontem à noite pela Sul-Americana nem quis travar conversa. Tempos atrás pelo teor dos papos saquei que pra ele uma vaga na Libertadores do ano que vem tava de bom tamanho. Mas o sorriso despejado no meio do nosso último colóquio não me engana. Jorjão anda achando que Papai Noel, quem sabe, lhe trará um Brasileirão no final do ano. Guardei silêncio sobre minha dedução, mas pensei comigo: o homem anda cheio de razão pra sonhar isso. É ou não é?

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