quinta-feira, 4 de setembro de 2014

A moral das arquibancadas




Sejamos francos! As arquibancadas sempre foram um ambiente permissivo. Um lugar onde o código de conduta é pra lá de elástico. Os que a frequentaram vestindo terno e gravata que me perdoem, pois não sou desse tempo. E o que as fez desse jeito, suponho, é algo que só pode ser decifrado por estudiosos. Se é que pode. Mas trago comigo teorias de leigo. Teorias que podem ser acusadas de ingênuas, mas que eu sei estão ancoradas num empirismo capaz de conferir a elas certa coerência. 

Toda essa sordidez que temos visto têm algo a ver com uma certa decadência moral dos homens. Sim, porque ao mesmo tempo em que as estatísticas mostram que evoluímos de certa forma no que diz respeito a educação, basta olhar as manchetes dos jornais pra perceber o quanto estamos ficando cada vez mais abomináveis no trato com os outros.

Faz algumas semanas me deparei na internet com uma foto de um garotinho em uma arquibancada. E embora sua face fosse meiga ele ostentava um ar de rancor e o dedo médio em riste. A matéria mostrava como aquele torcedor fanático do Feyenoord, da Holanda, ( que havia ficado famoso em virtude da imagem) tinha crescido, o que tinha virado. Bom, continuava fanático e sendo acompanhado pelo pai. E não é demais frisar que se tratava  de um jovem nascido em um país em que a educação está longe de ser um problema. Como não custa lembrar que cenas lamentáveis são registradas praticamente toda semana em arquibancadas de tudo quanto é canto do  planeta. Pra isso parece não ter índice de desenvolvimento humano ou renda per capita que sirva de antídoto. 

Do mesmo modo que o jogo de bola costuma revelar a personalidade de quem o pratica a arquibancada é capaz de revelar a personalidade de quem torce. Imagens como as que temos visto causam repulsa. E ganham outra dimensão quando as lentes conseguem dar ao ato um rosto. Seja ele o de uma mulher ou o de um menino. Olha, já tiramos tanto das arquibancadas tentando fazer com que os atos praticados por lá não ferissem ninguém. E isso nos custou a alegria das bandeiras, a companhia do radinho de pilha. Mas, por favor, de uma vez por todas, não vamos mais nos enganar. As arquibancadas só serão uma outra coisa quando o homem também for outro. E isso, infelizmente, não se dará nas próximas rodadas.

Nenhum comentário: