quinta-feira, 8 de maio de 2014

Aos olhos da história


Sempre gostei muito de história e por isso não são poucas as horas que passo imaginando o papel que o tempo reservará a certos acontecimentos e épocas. Vira e mexe deixo rastros desse meu comportamento por aqui. Essa pasmaceira que vive o nosso futebol, por exemplo. Será que um dia veremos nos livros de história os idos da década de 2010 traduzidos como um momento em que o futebol brasileiro amargou uma grave crise técnica? Ou tudo isso não passa de falta de foco de cronistas pouco sensíveis ao que realmente constrói a história? Vou chocando dúvidas.

Mas aí vejo o Juca Kfouri dizer que a partida entre Chapecoense e Corinthians foi uma ofensa ao futebol, o Antero Greco escrever que as diretorias de Santos e Grêmio deveriam  devolver o valor do ingresso para os valentes que foram á Vila Belmiro e começo a achar que não é rabugice minha. As evidências existem. Ter um único time brasileiro nas quartas de final da Libertadores. Um líder de Brasileiro cujos jogos foram nítidamente pífios. E pensar que no próximo final de semana teremos um clássico entre São Paulo e Corinthians sem Alexandre Pato e Jadson, que por força de cláusulas contratuais não poderão enfrentar seus ex-times.

Ora, acabamos de ver a UEFA impedir que algo assim acontecesse no maior torneio de clubes da Europa, ao vetar a cláusula que impedia o goleiro belga Thibaut Courtouis de enfrentar o Chelsea, que o emprestou ao Atlético de Madrid. E o argumento foi simples: manter a integridade da competição. Gesto corajoso que nossa CBF deveria copiar. Agora, aqui quando se fala nisso chovem justificativas. No futebol em si ninguém pensa. Mas, voltando ao contexto histórico, arrisco dizer que no futuro iremos lembrar que foi um pouco antes dessa Copa do Mundo no Brasil que a bancada da bola nos condenou a mais um de seus dribles descarados e aprovou não só o refinanciamento das dívidas bilionárias dos clubes como, ainda por cima, colocou no pacote a liberação das apostas on-line. Tudo em nome do nosso esporte. 

Assim deixaremos de ver cifras astronômicas a caminho do exterior dirão os entusiastas da ideia. E com a grana preta que irá entrar criaremos um fundo de iniciação esportiva escolar, justificarão outros. Ou seja, as histórias maravilhosas de sempre, que serão levadas adiante exatamente pelos personagens  manjados que estão em cena há tempos e que nos condenam,  não é de hoje, a num futuro próximo constatar que o esporte brasileiro continua sofrendo de velhas chagas

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