Hoje à noite o São Paulo volta a campo,
quarenta e oito horas depois de ter enfrentado o Náutico. Dessa vez terá pela
frente o Criciúma. A maratona agora imposta ao São Paulo por ter se ausentado do
país para disputar três jogos no exterior, sendo apenas um deles um compromisso
oficial, vem sendo amplamente comentada. Rogério Ceni, após o empate com o
Botafogo no final de semana lamentou. Disse que a Confederação Brasileira " não
parece preocupada com os clubes". Todos nós
sabemos que não é só uma questão de aparência. A CBF tem outras prioridades.
Mas
pior do que não se preocupar com os clubes é não se preocupar com os atletas.
Estudos já mostraram que o intervalo mínimo entre os jogos deve ser de setenta e
duas horas. Antes disso é impossível que o atleta esteja totalmente recuperado
do desgaste provocado por uma partida. Ora, se o
São Paulo pôde fazer três jogos em quatro dias no exterior pode facilmente dar
conta desse engarrafamento de jogos. Não tiro a razão de quem tem usado esse
argumento. O que me chama a atenção é como as coisas vão sendo levadas.
O papel
da CBF era ter consultado as possibilidades e dito que era impossível a
liberação do jeito que o São Paulo queria porque não teria datas disponíveis,
porque não poderia expor os atletas a esse tipo de exigência. Mas nunca o
descontentamento com a organização do nosso futebol foi tão visível. Essa é a
minha impressão. O que me alegra. Pois a sensação que tenho é de que esse
descontentamento está fazendo o futebol ter voz.
Na última sexta acompanhei a
coletiva do técnico Paulo Autuori, no centro de Treinamento do São Paulo.
Autuori foi categórico ao comentar a realidade do futebol brasileiro em vários
aspectos, principalmente, no que diz respeito a organização. Em certo momento
disse o óbvio - mas que ninguém diz - sobre essa nossa eterna busca por voltar a
ter o melhor futebol do mundo. "Com esse calendário?", questionou o treinador
sãopaulino. Isso na mesma sexta-feira em que o presidente da CBF foi duramente
questionado por Paulo André durante o Fórum Nacional do Esporte, realizado em São
Paulo.
O zagueiro corintiano, pelo visto, não suportou o tom do discurso do
dirigente sobre a vitória da seleção brasileira na Copa das Confederações. Fez
questão de dizer:" Ganhamos, mas o nosso futebol vive uma crise existencial".
Depois dessa dividida com o zagueiro corintiano, José Maria Marin, presidente
da CBf, ainda foi questionado por Raí sobre a transparência com relação a
organização da Copa no Brasil e também sobre a responsabilidade dos clubes e da
Confederação na formação de garotos.
Marin se limitou a dizer que não pode
interferir na gestão dos clubes. Respeitoso, não? Ouviu de Raí que não se
tratava de uma questão técnica. "É uma responsabilidade sobre o garoto. Os
meninos das categorias de base moram nos clubes e não existe nenhuma regra
básica para lidar com eles", fez questão de destacar o ídolo tricolor. Será um
devaneio meu, ou será que o futebol brasileiro está mesmo começando a ter voz
?
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
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