quinta-feira, 6 de junho de 2013

Nada será como antes

As lembranças que trago comigo de antigas Copas do Mundo não fazem mais sentido algum. Recordo que elas traziam consigo uma vibração que já não vejo e não sinto em lugar nenhum. Não é fácil de explicar. Perder a inocência tem seu preço. E mais, o que outrora era diversão hoje virou ofício. Mas acho que não foi só isso.

Havia delas um certo distanciamento que favorecia a nossa imaginação infantil. Literalmente, não sabíamos seu preço. Pouco importava. Certo dia acordávamos e dávamos de cara com as ruas pintadas. Os carros tinham todos algum detalhe em verde e amarelo, uma fitinha que fosse, que se ganhava - se não me engano - nos postos de gasolina. E esse certo patriotismo ludopédico não precisava de campanhas publicitárias, não precisava ser convocado, estava em nós.

Naquelas distantes estações que se repetiam de quatro em quatro anos esse sentimento, um tanto vaidoso, um tanto competitivo, simplesmente aflorava e coloria o nosso cotidiano. A seleção para a qual torcíamos desvairadamente também parecia ser mais nossa. E imersa nessa ingênua empolgação de meninos parecia jogar exatamente do jeito que queríamos. Veja se é possível uma coisa dessas! A frase, aliás, é perfeita para fazer a ligação entre esse passado de quimeras e este árduo presente.

Depois de tudo que vimos e passamos não é de se estranhar que os volantes tenham se tornado protagonistas, dos debates, inclusive. Na coletiva que concedeu após o jogo com a Inglaterra o treinador brasileiro foi irônico ao dizer que "joga pra não perder". Fez uso da ironia, a meu ver, para sugerir que a frase não refletia a verdade, quando o mundo está cansado de saber que reflete.

A trajetória de Luiz Felipe Scolari não deixa dúvidas de que o treinador brasileiro irá tentar até o último minuto provar que sua maneira de ver o futebol, pragmática, e acima de tudo precavida, é a mais eficaz para levar o escrete nacional ao triunfo. A questão é que a certa altura não terá mais tempo para corrigir a rota. Para tentar usar o talento dos jovens Oscar e Lucas ao mesmo tempo. Ou para optar por uma dupla de volantes mais criativa e técnica. Mas mesmo sem essa ousadia o time brasileiro tem tudo para evoluir. Permanecerá um tempo junto. O que eu não tenho esperança alguma é de voltar a sentir por uma Copa o que eu já senti um dia.

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