quarta-feira, 15 de maio de 2013

Um outro Santos


Com um pouco de boa vontade é possível enxergar o atual Corinthians como o sucessor daquele Santos que foi capaz de voltar a vencer a Libertadores depois de quase cinquenta anos. Um time que estava na crista da onda, onde agora se vê a equipe dirigida por Tite. Os mais azedos dirão que o Corinthians de hoje está longe de ter a pulsação daquele que bateu o Boca e o Chelsea. É verdade. Mas isso não lhe tira ainda o título de time do momento. 
 
Aquele Santos que reconquistou a América e começou a desenhar essa hegemonia no futebol paulista além de verdadeiramente competitivo, qualidade muito citada ultimamente por Muricy, era um time afinado com a história do clube. Ou é ilusão deste que vos escreve o compromisso do time da Vila com o futebol bem jogado?
 
Até bem pouco tempo atrás quando se falava do Barcelona alguém sempre fazia questão de lembrar que o clube catalão há muito tempo se mostra fiel a uma maneira encarar o jogo. Resgato esses detalhes porque o Santos que tenho visto em campo me dá a impressão de fazer pouco caso disso tudo. Acho que é algo a se pensar. O Corinthians de Tite nunca foi chamado de brilhante. Ao contrário, enfiou goela abaixo de muita gente adjetivos até então pouco enaltecidos. Mas alguém aí duvida da eficiência do seu jogo? Jogadores, comissão técnica, ali tudo parece, ou não parece, reforçar um estilo?
 
Uma filosofia de trabalho é também uma estratégia. É perfeitamente compreensível que a fase mude, que o treinador encontre desafios pela frente, mas é difícil aceitar que em tão pouco tempo nenhum vestígio dessa antiga vocação santista seja visto. Outro dia ouvi Muricy e Neymar desdenharem da beleza. Entendo a intenção deles quando dizem que não estão nem aí, que não querem dar show.
 
No caso de Neymar chega a soar como uma heresia, pois foi justamente a beleza de seu futebol que o transformou nesse cara cortejado. Pra mim a falta de beleza é um sintoma. Onde existe beleza o futebol bem jogado é mais provável. Onde existe beleza há encanto. Sem a beleza tudo se iguala, no pior sentido possível.
 
Nem sei se beleza é o nome. Talvez fosse só o caso de se jogar futebol com alguma graça. Ou de dar ao jogo alguma alma. Afinal, Drummond não disse um dia que é na alma que se joga futebol? E mais, se ser competitivo é o grande objetivo o Corinthians com seu futebol maduro parece muito mais do que o Santos, ainda que o futebol esteja aí sempre pronto pra nos desmentir. Na minha modesta opinião o Santos tem uma chance no domingo: ser um pouco aquele outro Santos.

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