quarta-feira, 22 de maio de 2013

O futebol de sempre

 
Se tem uma coisa rara desde que o Brasil foi anunciado sede da próxima Copa é ver alguém peitar a FIFA.
Em todas as instâncias temos agido como cordeirinhos. Mesmo quando o secretário geral da entidade, Jérôme Valcke, transbordando deselegância, sugeriu um chute no nosso traseiro, a indignação parecia mais uma postura da mídia do que dos envolvidos. Chiar pra valer só o Ministro dos Esportes chiou. Chegou até a dizer que não aceitaria mais ter o secretário-geral como interlocutor de assuntos ligados à Copa. Mas o desenrolar dos fatos acabou mostrando que tudo não passava de um atitude pró-forma.

Por tudo isso na semana passada a postura forte do Corinthians com relação às declarações do poderoso Valcke me chamou a atenção. Descontente com a possibilidade de não ter a Arena do Corinthians pronta até dezembro, o secretário-geral disse, em tom de aviso, que a FIFA poderia mudar o local de abertura da Copa até o próximo dia primeiro de agosto. Em nota o Corinthians respondeu dizendo que a FIFA deveria ficar à vontade para mudar o local da abertura do Mundial se achasse o caso. O impasse estava criado.

Não demorou e as partes interessadas se reuniram no Rio. Selaram as pazes diziam os jornais no dia seguinte. E selaram porque? Porque a Caixa, aquela mesmo que recentemente passou a patrocinar times de futebol, teria sinalizado que aceita ser o agente financiador do empréstimo do BNDES no valor de 400 milhões de reais. O detalhe aí é que a Caixa irá substituir o Banco do Brasil que, não custa lembrar, não aceitara as garantias dadas anteriormente.

As negociações com o Banco do Brasil não andaram porque a empreiteira se recusava a dar garantias físicas, se limitava a comprometer apenas rendas da futura Arena. Para viabilizar o negócio com a Caixa o Corinthians aceitou hipotecar o Parque São Jorge. A questão é: o Banco do Brasil é que estava sendo muito rigoroso ou foi a Caixa que conseguiu ver um bom negócio onde o outro banco via risco ? Aceitando hipotecar o Parque São Jorge o Corinthians fez com a Caixa o que não tinha feito com o Banco do Brasil?

A única certeza, por hora, é a de que depois dessa bendita Copa do Mundo nosso futebol jamais será o mesmo. Prova disso está no preço dos ingressos. Na inauguração da Fonte Nova a arquibancada custou 90 reais. No próximo dia 26, o Santos estréia no Brasileiro recebendo o Flamengo, em Brasília, no Mané Garrincha. Os ingressos para o jogo começaram a ser vendidos na última quarta. Os mais baratos a módicos 160 reais. Teve gente que ficou na fila por quase quatro horas. Pensando bem o nosso futebol continua exatamente o mesmo.

* artigo escrito para o jornal " A Tribuna", Santos 

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