sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

O Majestoso e as majestades


Falou-se desse tal embate Majestoso desde o tempo em que ele não passava de uma possibilidade. Desde muito antes de o Corinthians carimbar a passagem para o fase de grupos. Um jogo que de tão grande nos fez olhar insistentemente para o horizonte. E, claro que ninguém jamais diria, por causa dele os jogos dos dois times no Campeonato Paulista passaram a ser... menores. Meros degraus que os separavam ou os aproximavam do grande embate. Enfim, fiquei com a impressão de que o Majestoso nunca foi tão majestoso. Mas fui obrigado a levar em conta também a possibilidade de que quando tudo em volta se empobrece é inevitável que as majestades sobressaiam. 

E por falar em majestades tenho acompanhado com certa indignação todo o esforço feito pela crônica esportiva para evidenciar o tamanho do talento de Neymar. Como se isso fosse preciso. Obviamente, nada contra Neymar que, em campo, aliás, tem feito tudo que se espera dele. Dias atrás, ao completar vinte e três anos, o brasileiro foi comparado ao português Cristiano Ronaldo. Ganhou de goleada, segundo um jornal espanhol, pois com esta idade o português tinha marcado meros 107 gols. Neymar 219. Não concordo com Parreira, mas existe situação em que o gol é um detalhe. E essa é uma delas.Cristiano Ronaldo vem jogando em alto nível há muitos anos. Recentemente, beirando os 30, viveu uma fase impressionante. Sem contar que não é qualquer destino que reserva ao seu dono três bolas de ouro. Mas não foi só isso. 

Nos últimos dias a mesma perversidade das comparações foi usada para dizer que Neymar, no Barça, já é maior do que Maradona. E dane-se que a passagem de Maradona pelo time catalão tenha sido marcada por problemas físicos. E, detalhe, não importa nem mesmo se o brasileiro precisou dez partidas a mais que o argentino para chegar a essa marca. Difícil seria Neymar fazer o que Maradona fez no modesto Napoli, quando além de dar ao clube italiano seus dois únicos títulos nacionais o fez encarar os principais times do país em pé de igualdade. Ou ainda, ganhar uma Copa aos 25, sendo dela, de longe, o principal protagonista. Detalhe que também não costuma ornar qualquer destino. Mas Neymar é esperto. E já teve bons motivos pra sacar que a vida não é prova de tiro curto, a vida é prova de fundo.

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