quinta-feira, 25 de abril de 2013
Essa nossa seleção
Yes, nós temos estádio. Mas e futebol?
O primeiro jogo da seleção num estádio da futura Copa teve olé...
para enaltecer o jogo do adversário. Aos donos da casa... vaias.
Se hoje sonhamos com um grandioso triunfo parece ser só porque
quando se trata de futebol ele é sempre possível, até para os mais fracos.
O que isso tudo está querendo nos dizer?
quinta-feira, 18 de abril de 2013
A questão já não é ganhar
O ranking da FIFA nos reservou mais um golpe no orgulho
ludopédico. Foi preciso correr os olhos sobre a lista por algum tempo até
encontrar o nome do Brasil. Quem fez o exercício exatamente desta forma até dar
de cara com o nosso país passou antes por países como o Equador, Costa do
Marfim, Grécia e Suiça. Por mais que o ranking seja contestável não dá pra negar
que tenha a virtude de nos enfiar goela abaixo a realidade atual do escrete
nacional.
Mas como se trata de futebol existe no fundo, no fundo, uma sensação de
que, de repente, as coisas se encaixam e pimba! Ganhamos mais uma Copa. Paul
Breitner, muito comentado, esteve por aqui semana passada e foi duro na análise. E - sem
qualquer preconceito - quando um alemão diz que estamos precisando mudar de
mentalidade, não de técnico, é porque, definitivamente, as coisas
mudaram. Portanto, caros leitores, tenho a impressão que está estabelecido aí um
conflito de interesses.
Lógico que a Felipão e seus comandados ganhar a Copa
representaria o paraíso. Vencer bastaria. Mas o problema é que tenho a sensação
de que para boa parte dos torcedores brasileiros já não se trata de ganhar ou
não ganhar. Há no nosso imaginário muito mais do que a vontade de um título. Há
o desejo de resgatar o papel que um dia exercemos tão bem e que vai se tornando
inviável.
Já não parece possível que um dia o Brasil entre em campo e o mundo o
veja como uma seleção que todos gostariam de ter pra si. Já não parece possível
que a nossa seleção volte a representar o que a arte de jogar bola tem de mais
refinado. Cadê a ginga? O time que impõe respeito? Cadê o reserva que vira
titular e cai nas graças do planeta? O tempo em que o mundo aguardava ansioso o
momento do Brasil entrar em campo passou. Mas parece que nos recusamos a
aceitar.
Hoje se ainda causamos algum frisson é porque muitos se acham capazes
de tirar uma casquinha desse nosso passado glorioso. Outrora inventávamos armas. Perdemos o que tínhamos de mais
elogiável, perdemos a petulância da ousadia. Resignados, fomos copiar esquemas e
prioridades. Antigamente pouco importava se tínhamos, ou não tínhamos, combinado
tudo com os adversários, éramos, afinal, surpreendentes.
Ou vão querer me
convencer que em 58, 62 ou em 70, vimos exatamente o que era esperado? Nada
disso, transcendemos um pouco em tudo aquilo. Mas sejamos humildes para entender
que fomos mal administrados, que acreditamos em fórmulas que não nos serviam,
que perdemos a coragem e que ao se olhar no espelho hoje o tal décimo nono lugar
é a nossa mais fiel imagem.
quinta-feira, 11 de abril de 2013
Imaginação tática
Desde muito cedo, profissionalmente falando, ouvi que ao
treinador eram poucos os milagres possíveis. Ouvi, de muitos, que uma das maiores
qualidades que se deve ou se pode esperar de alguém que comanda um time é que
tenha noção exata do elenco que tem para trabalhar. Tentar fazer algo que está
além da capacidade do grupo seria quase como abrir as portas para o insucesso.
E
se levarmos em conta que uma parcela muito pequena dos nossos times pode se
gabar de ter um elenco dos sonhos e que mesmo alguns dos nossos maiores clubes
estão longe de possuir um grupo de atletas em sua maioria acima da média,
chega-se à conclusão de que a missão dos treinadores praticamente já nasce
minada.E deve se somar a isso o fato de que boa parte dos jogadores capazes de exercer
papéis desafiadores, por conforto ou receio, talvez se mostre resistente a
inovações ou adaptações na maneira de atuar.
Isso tudo tem ficado na minha
cabeça desde que tempos atrás lendo uma coluna do mestre Tostão encontrei por
lá a citação de que Felipão é um treinador carente de imaginação tática. Gostei
tanto do termo que até agora ele não me abandonou. E mais, provocou tanto o meu pensamento a ponto de me convencer de que só mesmo um artigo sobre o tema fosse capaz de, sei lá,
exorcizá-lo.
As transformações táticas no futebol têm lá seu tempo de
maturação. E tanto no passado quanto no presente não se revelaram e se afirmaram
de maneira dinâmica. Exigência do jogo ou cautela de quem tem a missão de
pensá-lo? O interessante de tentar enxergar o futebol pela perspectiva tática
é que fica muito nítido o quanto fazer gols deixou de ser prioridade. E qual o
preço de se render ao dogma do futebol moderno de que conter a criação
adversária é mais importante do que criar novos meios para derrotá-lo?
O preço
talvez seja esse, o de condenar o jogo a um ambiente nada propício ao improviso, à
criação. Em ambientes assim a imaginação sempre correrá perigo. Felipão não é o
único treinador pouco imaginativo do país, claro que não é, mas infelizmente é
dele a missão de comandar o time que, por respeito a própria
história, deveria defender esse tipo de futebol mais criativo. Por essas e outras,
daqui pra frente, os raros treinadores imaginativos taticamente têm tudo pra
ganhar a aura daqueles artistas que ao longo da história se fizeram maiores por
exercer seu ofício com boa dose de coragem, sem ligar muito para o que vinha
sendo feito pelos mestres até então.
* artigo escrito para o jornal " A Tribuna", Santos
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