sábado, 11 de julho de 2009

Um furo negado

Dias atrás, quando Lula recebeu alguns jogadores do Corinthians, em Brasília, e desfilou com a Taça da Copa do Brasil pelo Palácio, me vi com alguns amigos em meio a uma discussão acalorada sobre a atitude do Presidente da República.

Entre um aparte e outro, ouvi, de um deles, que quem estava ali não era o Presidente, era, simplesmente, o corintiano apaixonado Luis Inácio. Bastava atentar para os trajes do chefe do executivo. Razoável.

Mas se era assim talvez fosse o caso de recebê-los na Granja do Torto, e não no Palácio, certo?

Creio ser de grande valia contar com um Presidente da República que reconheça o futebol como uma grande expressão da nossa cultura. Só o bom senso poderia ser mais valioso do que isso. ( Tiro as mãos do teclado rapidamente, observo a tela do computador, e penso. Estaria eu tendo um acesso gigantesco de caretice? Teria sido tomado pelo germe nada complacente da picuinha?) A vida é dúbia. Porque o estranhamento?

Quando Lula em plena reunião com os líderes das maiores potências do mundo saca um punhado de camisas da seleção para distribuir, faz boa propaganda, enaltece, coloca em evidência aquela que é uma das nossas marcas. Aliás, temos muitas. A bossa nova, por exemplo. Mas pode não ser nada disso, talvez ele só não tenha entendido direito quando lhe disseram que uma das intenções por lá era deixar o clima mais ameno.

Se o nosso Presidente gosta tanto de futebol, porque é que não exigiu uma contrapartida dos clubes na implantação da Timemania? Por que não faz pressão para que a Democracia - que lhe é tão cara - esteja presente nas Federações e na Confederação que controla o esporte no país? Por que não faz uma reunião para pedir urgência e pulso firme no projeto que prevê penas maiores para os atos de violência praticados nos estádios e ao redor deles?

Os cartolas daqui há tempos não estavam tão próximos do poder. Há tempos não desfrutavam tanto desse privilégio. E mais, eu duvido que o Ronaldo tenha citado as empreiteiras sem ter ouvido isso de alguém, em algum lugar.

Será que sou o único a pensar que quando um presidente de clube encontra um Presidente da República não é apenas sobre títulos e táticas que eles conversam? Sobre grandes jogadas pode até ser. Ronaldo afirma, Lula nega. E ficamos assim. Tudo termina muito mal explicado, com um monte de gente fingindo que não viu o nó.

No meio político, é fato, o episódio foi encarado como uma tremenda bola fora do camisa nove. Vocês querem o quê? Não dá pra ser bom em tudo.

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