De acordo com o que foi divulgado, nesta
quinta o Papa Francisco terá um encontro com atletas, no Rio. Ao lado de Sua
Santidade - que já sabemos torcedor do San Lorenzo de Almagro, da Argentina -
estarão nomes como Pelé e Neymar, entre outros. É de se imaginar que nenhum
engraçadinho por lá perguntará ao sumo pontífice quem foi melhor, Pelé ou
Maradona? Muito menos se versará sobre o fato de que por aqui Pelé nunca teve
direito a uma igreja, ao contrário do que
se deu com Dieguito, que em 1998 viu nascer, na cidade de Rosário, uma tal
Igreja Maradoniana. Lá, claro, o camisa 10 argentino é deus.
Mas diante de um
Papa que tem feito das quebras de protocolo uma marca, tudo é possível. E há
algo de confortável no fato de saber que ele se entrega ao prazer do futebol.
Mas se ele quiser ter uma boa ideia dos pecados esportivos que andam sendo
cometidos por aqui sugiro que leia o recente manifesto feito pela ong Atletas
pela Cidadania, que tem no seu quadro algumas das figuras mais expressivas do
esporte brasileiro. Ana Mozer, Raí, Cafu, Magic Paula, Gustavo Borges. Trata-se
de uma organização sem fins lucrativos que nasceu com a intenção
de conscientizar e mobilizar a sociedade brasileira para assuntos que consideram
importantes para o país.
Depois de tal leitura inevitavelmente concluirá que o
país do futebol é dono de uma infra estrutura público esportiva deficiente. Que
os dirigentes de Federações por aqui se perpetuam no poder como ditadores. Que
não existe, e nunca existiu, um plano nacional para o esporte. Que os grandes
eventos que têm nos colocado na vitrine do mundo têm provocado remoções que
violam os direitos humanos. Tudo muito mundano. Nada que seja capaz, eu
imagino, de surpreender alguém que, como poucos, está ciente das fraquezas dos
homens.
Mas nem tudo aqui, Papa Francisco, é lamento. Que o diga o jovem
brasileiro, Alan Fonteles, de vinte anos, que dias atrás fez bem mais do que
conquistar uma medalha de ouro no Mundial de Atletismo Paraolímpico. Ele quebrou
o recorde mundial dos 200 metros na classe T43, com o tempo de 20 segundos e
sessenta e seis centésimos. Quase meio segundo abaixo da antiga marca, que
pertencia ao sul-africano, Oscar Pistorius, primeiro atleta paraolímpico da
história a correr em igualdade com atletas não deficientes de nível olímpico e
mundial. Meu bom Francisco! Nem tudo que acontece por aqui é fácil de
explicar. Essa eficiência bonita de brasileiros supostamente deficientes, por
exemplo, que nada tem de milagre
quarta-feira, 24 de julho de 2013
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário