Era um duelo com promessa de ser inesquecível aquele contra
o Newell's Old Boys. E foi. Quando antes dos três
minutos de jogo Ronaldinho - com um de seus passes que desdenham do comum - colocou Bernard em condição de marcar, o menino das
pernas alegres deu um lustro na confiança da
torcida do Galo.
Mas era Diego Tardelli o
melhor atleticano em campo. E continuou sendo mesmo depois do goleiro
Guzmán, atingido por ele, ter dado uma aula de
como tirar proveito de uma situação para esfriar um confronto e deixar o tempo passar. Foram longos oito minutos até que
a bola voltasse a rolar. E quando isso aconteceu Tardelli deu a Josué uma clara chance de
gol.
Enquanto isso o
camisa cinco argentino, Mateo, ia derrubando Ronaldinho. O penalti em
Jô, que o árbitro
uruguaio Roberto Silveira deixou de dar talvez tivesse permitido ao time mineiro uma
vantagem mais condizente com tudo o que o Galo vinha fazendo em campo. E Silveira,
que parecia ter trazido cartões amarelos apenas para dar ao Atlético ainda por cima não a reclamação de Bernard e, não só lhe deu o amarelo, como tirou o
atacante do primeiro jogo de uma final que ainda seria
conquistada.
O árbitro também não
veria um penalti de Mateo em Tardelli no início do segundo. Penalti que, é
verdade, até as câmeras tiveram dificuldade de ver. Os fatos sugeriam um segundo
tempo emocionante para a torcida da casa, mas trouxe apreensão. O Atlético se
desencontrou. Ou os argentinos se acharam? Difícil dizer. O Galo estava longe de
ser o time agressivo e ameaçador do primeiro tempo. E Cuca tentou resgatá-lo com
a ousadia de trocar Pierre por Luan.
Eis
que acontece aquele que pode ser visto como o lance decisivo da partida: o
apagão. A jogada dos refletores sem luz foi devidamente creditada à subestação
de energia do estádio. Vai saber. Foram onze minutos à meia luz, sem jogo.Tempo suficiente para que o técnico do Atlético tivesse uma
iluminação. Cuca tirou de campo Tardelli e Bernard para colocar Alecsandro e
Bernard. O que muitos, inclusive eu, classificaram como erro se revelou
acerto. Pois quando Mateo afastou uma bola da área sem muita precisão Guilherme
a pegou, lá fora, e a mandou com força pra rede.
Mas o que poderia ser mais temível do que
uma disputa por penaltis com um adversário que vinha de um triunfo diante do
Boca após intermináveis vinte e seis cobranças? Cuca já não se contentava
em só passar a mão nas sobrancelhas. Iluminado, também apostou em Alecsandro e
Guilherme para iniciar as cobranças. E ao assistir à segunda, ajoelhou. Quando
Jô e Richarlyson erraram, olhou pro céu. Cruzado bateu o quarto para o Newell's
e, ao errar, deixou o suplício argentino com o mesmo tamanho do que acabara de
ser imposto ao Galo. Então, veio Ronaldinho... e fez. Veio Maxi Rodríguez... e
Vitor defendeu. Cuca se estendeu no chão.
Minutos depois, recomposto, na sala de imprensa disse aos repórteres
que tinha decidido tirar Tardelli e Bernard porque tinha visto que estavam
"amarrados" pela marcação argentina, que tinha encaixado. Antes, ainda em campo,
disse outra coisa que me chamou a atenção.
Questionado sobre o penalti cometido em Jô, afirmou que tinha preferido não
falar sobre isso com os jogadores porque poderia mexer com eles de modo
prejudicial.
À noite no Horto o que se viu foi
uma vitória bonita, repleta de detalhes e tão incomum quanto a declaração
com jeito de confissão dada pelo presidente do time de Minas. E que disse ele?
Disse que "... colocar o Ronaldinho concentrado cinco dias, não é
brincadeira".
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