Rubens Chiri/São Paulo |
Por mais que a imprensa, às vezes, possa se equivocar a respeito de alguns assuntos sou levado a crer que ela foi muito bem ao interpretar o que significava a chegada de Rogério Ceni ao comando do time do São Paulo. Exageros de avaliação à parte o que se ouviu foi um coro afirmando que aceitar a missão assim de primeira, sem ter passado algum tempo trabalhando em categorias menores não era o ideal. Aliás, está aí também a prova de que a trajetória dele como jogador desde o início lhe propiciou um respaldo sem igual. Poucos são os que se veriam nessa condição sem receber como resposta um imenso descrédito. Mas tendo visto o que Rogério foi capaz de fazer como goleiro mais sensato foi não duvidar.
De sua chegada ao comando até ontem
Rogério encontrou todo o respaldo que imaginava que teria. E protegido por esse
respaldo conseguiu a façanha de emendar uma sequência de eliminações que talvez
não deixasse em pé nem mesmo treinadores com uma Copa do Mundo no currículo. Do
time com jeitão promissor que levou à campo no início do ano já não havia
nem sinal. Rogério pode até dizer que não esperava viver tudo o que viveu, mas a
probabilidade de tudo se dar como se deu era grande, e se ele não percebeu não foi
por falta de aviso. Rogério tinha dito outro dia, categoricamente, que não
desistiria do trabalho que empreendia. Um tipo de declaração que soaria mais
valente se dada com o campeonato terminando.
O futebol proposto por ele não
vingou, mas foram nas declarações dadas pelo agora ex-treinador depois de cada
revés que o descaminho se fez evidente. Quanto mais a situação complicava mais
seu discurso parecia se apartar da realidade. E não podia existir sintoma pior. Rogério Ceni em sua passagem pelo comando do time tricolor criou uma espécie de elegia
das derrotas. Ainda tenha sido com a boa intenção de enaltecer o que por ventura estivesse dando certo. Mas a
estratégia acabou dando um motivo a mais para a torcida repensar o apoio ao
eterno ídolo.
Na derrota para o Flamengo a situação atingiu o ápice. Dizer que o
árbitro tinha inventado uma falta, que a barreira do time dele estava a dez
metros da bola, e ver todos esses argumentos caírem por terra quando à noite os programas de esporte colocaram em campo os
recursos da tecnologia, tornou tudo muito óbvio. A passagem de Rogério Ceni pelo comando do time pode vir a custar
uma temporada. Talvez não seja descabido pagar esse preço em nome de uma
história bonita como a construída por ele. Só não era o momento. Como parece ter
ficado bem claro.
4 comentários:
Parabéns, Vladir. Você foi incisivo, bem no cerne da questão, ou no cerne do Ceni.
Caro Delaim, tempos atrás escrevi aqui sobre o mea culpa que a crônica esportiva fez sobre o Casemiro. O caso do Ceni é o contrário. O veredicto se mostrou preciso, né? Outro detalhe interessante. Ceni é o oposto do Carille neste momento, em todos os sentidos, inclusive,
no modo de se preparar para o cargo. E a partir desse ponto tudo se explica. Esse é o meu ponto de vista.
Um abraço.
Texto excelente!! Não somente os jornalistas mas cos torcedores também sabiam, exceto os que aceitam ganhar até com gol de mão. Um abraço!
Cris, acho que todos sabiam. Mas alguns, só uns poucos, fingiam não saber
porque tinham a ganhar colocando o ídolo lá. E o ídolo que tinha tudo pra perceber , rodado que é, se deixou levar e acabou pagando a maior parte do pato.
Postar um comentário