A arrancada
do Corinthians nas primeiras rodadas do Brasileirão deixou no ar a possibilidade
de o campeonato perder a graça. Não há dúvidas de que um desfecho relâmpago na
corrida pelo título esfriaria tudo. Mas prefiro pensar, por hora, que apressado
se faz tirar qualquer conclusão do que temos visto. Esse início maluco,
desconfio, é apenas o futebol zombando - mais uma vez - da nossa pretensa e
equivocada capacidade de prever o que ele nos reserva. Os corintianos nunca
estiveram tão orgulhosos de serem tidos tempos atrás como a "quarta força".
Por
outro lado temos nisso um começo de Brasileirão surpreendente. E pra mim é essa
uma das virtudes mais nobres desse jogo de bola. Assim, de repente, o
Corinthians se revelou o time a ser batido. Um time com a fina capacidade
de tirar máximo proveito do conjunto, um time comandado por um treinador que
está longe de ser tido estrela. E esses detalhes devem ser levados em conta
diante da realidade que temos vivido. Tenho a nítida sensação que a matemática,
que tem tornado clara a diferença que separa o Corinthians dos outros, fará
também multiplicar a pressão a cada nova rodada. Isso sem falar na secação dos
adversários que a esta hora já anda elevada à décima potência.
Por falar na
nobre arte de secar vale aqui fazer alguma reflexão sobre a realidade vivida
pelo time do São Paulo. De alguma forma parece existir aí uma prova do quanto os
interessados em futebol resistem em concebê-lo como um jogo de alma impiedosa e
imprevisível. Nesse sentido, desde que virar a mesa não se fez mais possível,
temos visto de tudo. Times que tinham elenco pra não cair, mas caíram. Times que
pareciam que jamais iriam cair, mas caíram. E ainda assim sinto pairar no
ar certo desdém com relação a essa possibilidade quando se fala do São
Paulo. Sou capaz de entender onde se amparam as opiniões, mas acho prudente
levar a possibilidade em conta, até para que as atitudes para tirar o time desse
limbo em que se encontra sejam mais contundentes. É isso que o momento pede.
O
passado dos pontos corridos tem deixado claro que o calvário do descenso, via de
regra, não tem se dado somente pela falta de um time competitivo mas
principalmente por uma combinação de fatores que juntos levam ao abismo da
degola. E fatores pra formar este caldo não faltam à história recente do time do
Morumbi. Corinthians e São Paulo, cuja rivalidade nos últimos anos foi às
alturas, provam neste momento que o Brasileirão que andamos testemunhando pode
não ser uma maravilha mas tá longe de ter até aqui um enredo
banal.
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