Foto:LLUIS GENE/ AFP |
Poderia abraçar outra questão. Não flertar com coisa que nas redações costumam ser chamadas de passadas. Ou frias mesmo, quando o português se faz mais claro. Fato é que a virada do Barcelona pra cima do PSG ainda ecoa. E isso mostra a sua magnitude. Não vou me ater à simples questão do placar mas ao que ele foi capaz de revelar. O amigo que agora há pouco me parou aqui pra resgatar o tema se mostrava indignado com o fato de as pessoas não conseguirem perceber o quanto a câmera lenta muda a realidade. No que lhe dou toda razão. Acho que já disse até que na minha opinião comentaristas de arbitragem não deveriam ter esse direito. Deveriam aceitar com humildade o risco que seus iguais passam em campo. Ainda que hoje em dia já não dê pra dizer que os homens da arbitragem lá embaixo não saibam o que a imagem mostrou, o que as câmeras e seus recursos revelaram. Mas essa é questão simplória diante de tudo que a virada suscitou.
Há outras mais cabeludas, como o fato de tanta
gente do meio ainda não ter tido a humildade de perceber que o futebol pode nos
surpreender sempre. Dizer antes do fim que um jogo está decidido aos de bom
senso deve ser visto só como um truque largamente usado por espertalhões para
deixar no ar a impressão de que podem saber de antemão o que se dará em campo. E
ao ler isto você, imagino, será capaz de lembrar imediatamente, sem grande
esforço, de uma ou duas figuras que andaram por aí cravando essa.
Veja. O ponto
crucial que notei em toda a discussão é que alguns da mídia tomaram uma posição
tão extremada sobre a vitória catalã que foi difícil não ler nas entrelinhas que
tudo só aconteceu por causa do árbitro. Não! Digo mais! Nas entrelinhas ficou a
sugestão de que os que encantados com o ocorrido estavam sendo, de certa forma,
ludibriados, vítimas de uma armação. Bom, ao chegarmos a este ponto fica muito
claro que a desconfiança sobre a lisura do jogo só faz crescer. Ou melhor, que
atingiu patamares nunca imaginados. Um jogo crucial do maior torneio de clubes do
mundo em que o juiz deliberadamente tomou uma parte.
Sou capaz de admitir que
diante de tudo que se sabe sobre apostas e afins hoje em dia isso não deve ser exatamente motivo de
pasmo. Mas se passamos a tecer comentários amparados nessa desconfiança o que
virá depois? Não seria o caso de colocar a mão no fogo pelo homem que em tarde
tão ímpar foi encarregado do apito. A influência no resultado, quero crer, não
foi maior do que as que temos visto por aí. Estou convencido de que o que se deu
ali não se resumiu a isso. Houve futebol. Bom futebol. Neymar, depois do PSG
fazer o gol, levou um chapéu na direita em jogada que acabou com a bola batendo
na trave. Com que moral não estariam os espertalhões a essa hora se o time
francês tivesse marcado mais um gol? É triste constatar que foi-se o tempo em
que podíamos desfrutar - sem desconfiar - dos momentos grandiosos que o futebol
oferece
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