Canalha!!! Bom, o fato de
ser chamado assim e abrir um sorriso matreiro já deixa ver que João Carlos
Albuquerque é
figura singular. E também é atrás desse sorriso que se esconde o mais original
apresentador esportivo da TV brasileira. A fórmula do Canalha é misturar sinceridade e verdade em
doses que podem até incomodar o telespectador, mas que em geral o cativam. A
mania de chamar os outros de Canalha gerou, inclusive, uma tremenda saia justa
anos atrás com Jô Soares, que ligou pra tirar satisfação e acabou seduzido, se
transformando em grande amigo do... Canalha!
Quem conhece o João - e quem
o conhece mesmo de outros tempos o chama na verdade de João Veronese - sabe que
se trata de um cara criado no Bairro de Pinheiros, em São Paulo, que andou pelo
mundo, conhece cinema italiano como poucos, muito poucos, e por isso escreve há
décadas um livro sobre o tema, que eu desconfio ele tem medo de terminar, pois
terá colocado fim àquele que é seu grande barato. E já que estamos falando de
barato, outro grande prazer do João é tocar. E tocar com personalidade.
Encarando entoar clássicos de Elton John e afins.
Hoje ele estará em Santos,
se encarregando da trilha sonora enquanto Xico Sá rabiscará autógrafos no seu
mais novo livro, o primeiro sobre futebol: A pátria em sandálias da
humildade. Uma reunião de crônicas nas quais Xico destila toda a sua sabedoria
sobre o homem e o jogo de bola, jamais deixando de incluir no caldeirão outros
temas que lhe são muito caros, como sexo, por exemplo. Bobinho ele, né?
A humildade, palavra que vai
estampada na capa do livro, aliás, cai muito bem nesse dois cabras, que como os
interessados poderão comprovar jamais se deixaram enfeitiçar pelo estrelismo
mala que costuma infectar muita gente que fica na mira das câmeras de televisão
ou que são por outros dotes tidas como figuras públicas.
Vai ser ali na calçada da
Realejo, a partir das seis e meia da noite. Não se trata de um local
desconhecido, nem pro Xico - que nunca perde a chance de confessar sua simpatia
por este nobre município, dizendo que dia desses ainda vai de mala e cuia pra
lá - e muito menos pro João, que se formou no velho segundo grau no mesmo
colégio que eu, o Martim Afonso, ali às margens da Baia do Gonzaguinha, em São
Vicente. E no início da carreira soltou a voz nos microfones da Rádio Universal
e mais tarde na Atlântica, ao lado de nomes como Walter Dias.
E como se isso fosse
pouco, o músico Julinho Bittencourt ainda ficou de aparecer pra dar uma canja
com o Canalha. Julinho, que foi o responsável pela trilha sonora que embalou as
noites da minha geração e de muitas outras, anteriores e posteriores. E isso no
tempo em que balada era só o que alguns cantores andavam fazendo aqui e acolá. A
mim bastaria os amigos lá reunidos pra dar um nó na agenda e tratar de cruzar a
Praça da Independência em direção a tão agitado pedaço de calçada. Estarão lá,
que eu sei, vários de seus habitués, e hoje também essa dupla pra lá de
especial, que vem de fora, e por quem eu tenho a maior estima. E aí, sabe como
é, né? Não dá pra deixar passar.
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