sábado, 25 de março de 2017

Canalhas !



Canalha!!! Bom, o fato de ser chamado assim e abrir um sorriso matreiro já deixa ver que João Carlos Albuquerque é figura singular. E também é atrás desse sorriso que se esconde o mais original apresentador esportivo da TV brasileira. A fórmula do Canalha é misturar sinceridade e verdade em doses que podem até incomodar o telespectador, mas que em geral o cativam. A mania de chamar os outros de Canalha gerou, inclusive, uma tremenda saia justa anos atrás com Jô Soares, que ligou pra tirar satisfação e acabou seduzido, se transformando em grande amigo do... Canalha! 
Quem conhece o João - e quem o conhece mesmo de outros tempos o chama na verdade de João Veronese - sabe que se trata de um cara criado no Bairro de Pinheiros, em São Paulo, que andou pelo mundo, conhece cinema italiano como poucos, muito poucos, e por isso escreve há décadas um livro sobre o tema, que eu desconfio ele tem medo de terminar, pois terá colocado fim àquele que é seu grande barato. E já que estamos falando de barato, outro grande prazer do João é tocar. E tocar com personalidade. Encarando entoar clássicos de Elton John e afins.
Hoje ele estará em Santos, se encarregando da trilha sonora enquanto Xico Sá rabiscará autógrafos no seu mais novo livro, o primeiro sobre futebol: A pátria em sandálias da humildade. Uma reunião de crônicas nas quais Xico destila toda a sua sabedoria sobre o homem e o jogo de bola, jamais deixando de incluir no caldeirão outros temas que lhe são muito caros, como sexo, por exemplo. Bobinho ele, né? A humildade, palavra que vai estampada na capa do livro, aliás, cai muito bem nesse dois cabras, que como os interessados poderão comprovar jamais se deixaram enfeitiçar pelo estrelismo mala que costuma infectar muita gente que fica na mira das câmeras de televisão ou que são por outros dotes tidas como figuras públicas.
Vai ser ali na calçada da Realejo, a partir das seis e meia da noite. Não se trata de um local desconhecido, nem pro Xico - que nunca perde a chance de confessar sua simpatia por este nobre município, dizendo que dia desses ainda vai de mala e cuia pra lá - e muito menos pro João, que se formou no velho segundo grau no mesmo colégio que eu, o Martim Afonso, ali às margens da Baia do Gonzaguinha, em São Vicente. E no início da carreira soltou a voz nos microfones da Rádio Universal e mais tarde na Atlântica, ao lado de nomes como Walter Dias.

E como se isso fosse pouco, o músico Julinho Bittencourt ainda ficou de aparecer pra dar uma canja com o Canalha. Julinho, que foi o responsável pela trilha sonora que embalou as noites da minha geração e de muitas outras, anteriores e posteriores. E isso no tempo em que balada era só o que alguns cantores andavam fazendo aqui e acolá. A mim bastaria os amigos lá reunidos pra dar um nó na agenda e tratar de cruzar a  Praça da Independência em direção a tão agitado pedaço de calçada. Estarão lá, que eu sei, vários de seus habitués, e hoje também essa dupla pra lá de especial, que vem de fora, e por quem eu tenho a maior estima. E aí, sabe como é, né? Não dá pra deixar passar. 

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