Travava uma conversa informal com o amigo Celso Unzelte quando ele me lembrou de um detalhe importante que, em geral, passa despercebido. O fato de não haver para o Comitê Olímpico Internacional o quadro de medalhas. Estabelecer um ranking vai contra o espírito olímpico. Lembrem, o importante é competir. E como se não bastasse montar o quadro ainda se faz da medalha de ouro algo inigualável. Pelas regras estabelecidas - não sei bem por quem - de nada adianta um país ter cinquenta medalhas de prata porque basta que um outro obtenha uma de ouro para figurar acima dele na tabela de classificação.
Em outros países isso pode ser mero detalhe mas por aqui esse
critério só ajuda a reforçar a ideia de que que ser vice campeão é algo
menor. Ora, basta ver a alegria estampada no rosto de gente como Diego Hipólito
ou Poliana Okimoto pra ter noção do tamanho do triunfo que se esconde entre
pratas e bronzes. Diego, aliás, proferiu uma das declarações mais legais que vi
até agora. Disse ele depois da prata conquistada: "Já cai de bunda e de cara.
Aqui, caí de pé". Perfeito!
Quem está ali naquela condição está sujeito a tudo.
A diferença que separa o triunfo de um segundo ou terceiro lugares é ínfima. Talvez estejamos diante de uma das edições mais equilibradas de toda a história
olímpica moderna. Esta é uma estatística que ainda não vi e que seria de grande
valia para enaltecer os atletas que ora se apresentam para o mundo. E ter visto
a eliminação precoce de figuras como os tenistas Novak Djokovic e Serena
Willians me faz ficar propenso a acreditar nisso.
Mas apesar de todo o
encanto não descarte a possibilidade de que os Jogos do Rio sejam os mais inoportunos da história. Que os
gregos não me ouçam, pois devem ter bons motivos para dizer que esse título é
deles. Podemos reclamar um empate técnico, quem sabe? Mas dispensemos as medalhas, por
favor. Estou convencido de que o COI bem que poderia decretar o fim dos tais quadros em nome do maltratado espírito olímpico. Lógico, diante de um
Michael Phelps, por exemplo, nada impediria que os meios de comunicação nos
lembrassem que o rapaz ali é simplesmente o maior vencedor de provas olímpicas
de toda a história moderna, com direito a citar o número de conquistas e por aí vail. Pensando bem o COI poderia ir além e decretar o fim das medalhas e passar simplesmente a adornar a cabeça dos vitoriosos com a velha coroa de
louros. Planta que representava a vitória
na Grécia e Roma antigas. Mas aí vocês dirão: logo agora que nosso futebol
masculino parece tão perto da desafiadora medalha de ouro?
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