Muito tem sido feito em nome do futebol. Por ele quase nada. O
raciocínio vale pro sujeito que faz do tempo de propaganda algo
maior do que o próprio bloco de notícias esportivas, transformando um programa de rádio, por exemplo, em um verdadeiro teste de
paciência. Ora, sem os patrocínios não existiria o programa, dirão os
espertos. Mas esse é só um detalhe. De repente, o texto foguete não é mais um
texto publicitário, gravado com outra voz. Agora está com o locutor, que no
lugar da deixa, empolgado, solta algo do tipo: lá vai fulano pela direita para
os caminhões tal. Como assim? Para os caminhões tal ? O sujeito ali corre é para
o time que defende e, hoje em dia, olhe lá.
Mas os homens de mercado juram
que estão cuidando do produto. E eu vos pergunto: em que planeta um esporte bem
cuidado seria tratado assim? Houve um tempo em que pagar uma TV por assinatura
te dava o direito de ver o seu time além do sinal aberto. Pouco depois já não
bastava. Passou a ser preciso pagar a assinatura e uma outra, a do pay-per-view.
Como isso pode ser condizente com algo que se pretende popular, que se fez
grandioso sendo popular ? Detalhes que têm minado silenciosamente
esse patrimônio cultural brasileiro.
Não existe acaso quando nossa seleção vira
um time comum, ou quando um time do tamanho do São Paulo se apresenta no
Pacaembu para dois mil e novecentos espectadores. E nem vamos falar no óbvio,
que é a atual pobreza técnica do jogo, mesmo porque é difícil dizer com
exatidão se, diante de tudo isso, ela é causa ou efeito. Há mercadores por aí
que talvez creiam que o futebol moderno sobreviverá sem a presença do público. E
eu não duvido. Eu só duvido é que ele volte a ter a beleza e o apelo que tinha
quando levava mais de cem mil ao Morumbi, ao Maracanã. Ainda que isso não fosse
a regra como gostam de lembrar alguns.
Hoje em dia até os que dizem torcer jogam
contra. Nos últimos dias times como a Portuguesa, o Palmeiras, o Atlético
Paranaense, a Ponte Preta e o Flamengo foram intimidados por supostos
torcedores exigindo resultados, como se o jogo de bola fosse uma ciência
exata. No caso do time carioca o grupo tinha oito torcedores. Vejam o tamanho da
representatividade! Ainda assim, de tão importantes conseguiram uma audiência
com o elenco rubro-negro. É por essas e outras que não paro de me perguntar:
quem tem feito algo pelo futebol? Johan Cruyff certamente fez !
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