Dessa vez chego pra dividir com vocês
certa angústia. É que faz tempo ando prometendo pra mim e para o pessoal aqui da
redação escrever algo sobre um jogo de futebol. Desafio que serviria também para
driblar minha queda pelas coisas que orbitam em torno dele. Queda que é grande,
vocês sabem. Mas não é só a intenção de driblar essa minha tendência que
justifica a causa. Tenho pra mim que o embate em campo deve ter seu espaço
garantido. Ele é o nascedouro de tudo que faz o futebol ser o que é. O entrave,
no entanto, o leitor bem sabe qual
tem sido. Os benditos jogos que pouco nos tem dito em termos de emoção
e beleza.
Tempos atrás quando Corinthians e São Paulo fizeram o primeiro
clássico da temporada confesso ter esperado algo que merecesse registro. Nada!
Nem mesmo o embate da Vila no último domingo deu caldo grosso, apesar de Ricardo
Oliveira ter se oferecido como um personagem instigante. E ver de um dos lados
do campo um time misto sempre joga contra o espetáculo. Desse Palmeiras que tem
sido a grande questão da crônica esportiva nos últimos tempos o que dá pra
dizer é que a euforia de um título nacional conquistado sem o mínimo favoritismo
- e com um mínimo de futebol - somada a uma insistente veia capitalista, fez o
torcedor alviverde se iludir. Compras aos montes geraram uma euforia, mas
meio parecida com aquela que se tem ao empunhar um cartão de crédito. E some-se
a isso o fato de que o time estava nas mãos de um técnico bicampeão brasileiro. Pra
ser claro, o descontentamento que os palmeirenses por hora experimentam não é
fruto somente de um time acanhado técnica e taticamente, é a desilusão de quem
descobre que andou esperando demais.
Não por acaso o Corinthians dá outra impressão. O time ao ser desmontado preparou o torcedor alvinegro para o pior. E essa
realidade, além de eximir seu técnico de qualquer culpa, deu licença para que
se pedisse tempo para mais uma reconstrução. E assim, o Corinthians - apesar do Cerro - se fez dono
de um começo de temporada que os oponentes gostariam de ter feito. Quanto ao São Paulo, o
primeiro tempo contra o Mogi Mirim foi de dar sono. Mas em algumas partidas
cheguei a gostar do jogo proposto pelo time tricolor. Aí veio a derrota de
virada para o São Bernardo e, confesso, fiquei na dúvida se o time é merecedor
de algum crédito. Só uma gigantesca surpresa nesse jogo de hoje, no Monumental
de Nuñez, talvez me faça de alguma forma acreditar que esse time atual do São
Paulo tem bala pra livrar o torcedor são-paulino do que tem parecido um castigo.
Seja como for, eu sei, continuo devendo um crônica de jogo pra vocês.
* artigo escrito para o jornal "A Tribuna", Santos
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