Não sei qual é seu time. Não faço ideia das razões que o levaram a defender as
suas cores. Só gostaria de dizer que não me passa esse clima de rivalidade
total, quando na verdade o jogo que está sendo decidido é outro e pede mais
razão do que emoção. Esse enfrentamento nada tem de majestoso. O espetáculo que
hora se revela é tão triste que não há lado que tenha o que comemorar. A
realidade é uma só. E evidente. O ingresso está caro pra todos. O serviço que
está sendo entregue é de revoltar. Os encarregados de colocar em prática a
melhor tática pro momento estão tentando salvar a própria pele e só. Alguns com
a cabeça à prêmio. E caso decidam gritar seu descontentamento saibam, de
antemão, que burro nesse caso é adjetivo que não cabe.
E já que entramos no
assunto, vamos jogar o jogo. O que me preocupa é que o tempo passa, que quando
olhamos ao redor tudo o que podemos vislumbrar é esse nada novo deserto de
homens. Isso mesmo, nesse campo não há um Neymar pra desequilibrar. Não há pra
quem tocar a bola. E não há, portanto, o que nos faça acreditar na
possibilidade de virar esse bendito jogo com a rapidez que a situação exige. E
agora? Bom, agora as janelas se encheram de bandeiras. Mas torcemos imbuídos de
um nacionalismo esquisito, duvidoso até. Não que não haja beleza quando, num
domingo qualquer de um final de verão, a torcida decide entrar em cena com todo
o ânimo.
O sufoco está aí, nada tem de irreal. Aumenta a olhos vistos. Mas
como há sempre uma lição pra se tirar de tudo é bem possível que a iminência
dessa derrota que nos assombra nos faça aprender que futebol é só futebol. O
jogo, o jogo pra valer é esse outro. Obviamente sei bem como seria pobre ter uma
torcida sem convicções, sem ideologias, sem crenças. Nessa hora o temor, o meu
temor, é que lá no fundo - nesse outro jogo - somos todos torcedores de um mesmo
time. Mas aí olho ao redor e vejo que a torcida se dividiu. Rachou !
E rachou
sem ser capaz de criar, ao menos, algumas nuances em cada uma dessas divisões. O
que espelharia algum tipo de riqueza, que não fosse só essa riqueza
desde sempre arrancada à força do nosso chão. Seria o mínimo. Mas seria mais do
que temos, ou não seria? E como é impossível deixar esse jogo, como é impossível
fazer substituições sem pagar um preço, prefiro manter intacta a minha mania de
sonhar e seguir acreditando que uma hora dessas essa torcida imensa ainda vai
dar liga. E aí, ai de quem ousar não atendê-la
Foto: Dirceu Portugal / La imagem
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