Se você é do tipo que sofre por causa de
futebol e, digo mais, se és daqueles que ainda sofrem por causa da nossa
seleção, deixe que sirva de amparo pro seu coração o fato de já não ser nenhuma
novidade ver o Brasil passar por poucas e boas nas eliminatórias. A estréia é
hoje contra o Chile. E imagino que se nem o histórico sete a um foi capaz
de lhe endurecer o coração, nada será. Talvez você não lembre que o Brasil só
garantiu um lugar no Mundial de 2002 no último jogo contra a Venezuela. Mas,
provavelmente, lembra bem do que Romário foi capaz nos idos de 1993, quando
tivemos que decidir no Maracanã, diante do Uruguai, no jogo derradeiro, se íamos
ou não íamos pra Copa dos Estados Unidos. Fomos, porque Romário acabou com o
jogo dando uma disparada que o goleiro adversário não conseguiu parar
nem tentando agarrá-lo. Ou seja, se você achava que seria possível não sofrer,
pare de se enganar. Mas sei bem que o temor nunca foi tão justificável.
Chegar à
Copa da Rússia em 2018 promete grandes emoções. Não vou aqui ficar dizendo o que
acho do Dunga, só acho que se não leu uma entrevista dada por Sir Alex Ferguson
dias atrás, deveria. Ferguson, o inglês respeitabilíssimo quando o assunto é
futebol, que comandou o Manchester United por vinte sete anos e sabe muito dos
negócios que envolvem o jogo, classificou o sete a um como acidente, um grande
acidente. Mas apontou o que deveria nos preocupar. Não o placar daquele dia, mas
o fato de termos ficado visivelmente para trás. Fato que Ferguson admitiu ao
dizer que a Alemanha criou uma escola, uma identidade de jogo, coisa que nós,
brasileiros, segundo ele, tivemos um dia. Lógico.
Houve um tempo em que o
dinheiro não fazia pouco do talento. Mas o tempo hoje é outro. Nada me tira da
cabeça que nosso calvário vem muito do fato de hoje em dia os jogadores não
serem escolhidos puramente pelo que fazem ou sabem mas, antes de tudo, pelas
oportunidades que representam e trazem. Não vou entrar nessa de dizer que tem
esquema na seleção. Mas tá na cara que os negócios venceram, e aí pobre de quem
tiver só o talento, sem ter a entrada, sem estar presumidamente bem
assessorado e tal. Prova disso é que passamos pelo maior vexame e nossos
dirigentes continuam todos com cara de paisagem. Nem se deram ao trabalho de
franzir o rosto, ainda que fosse teatralmente. Menos de um ano atrás a palavra de ordem era renovação... mas as últimas
apostas de Dunga foram todas na experiência. Continuamos sem um plano, ou se há,
confesso não ser capaz de detectar. E estamos sem Neymar pra começar. Mas quem
não quer ver no que vai dar?
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