Imagino que o Brasileirão tem sido um suplício para os que ainda clamam pela fórmula do mata-mata. Não que eu tenha necessariamente algo contra ela, mas não é de hoje que me sinto meio obrigado a defender o sistema de pontos corridos. Questão de ser coerente. Tempos atrás, você deve lembrar bem, o grosso da crônica esportiva tinha uma bandeira. E essa bandeira era o tal sistema de - ou por - pontos corridos. Era difícil passar um dia sem ouvir alguém fazer essa reivindicação. Quando acontecia de por aqui um oitavo colocado ficar com o título brasileiro depois da dita fase de mata-mata então, aí a grita era geral. Não que não se possa mudar de opinião. Mas eu, particularmente, me sentiria um tanto patético se resolvesse mudar. Fiz parte do coro.
Naquele momento dois grandes argumentos,
principalmente, embasavam os defensores desse sistema. Premiar o time mais
regular. E permitir que os times mais bem planejados tirassem o devido proveito
dessa qualidade. Em linhas gerais de dois mil e três pra cá os campeões de certa
forma provaram isso. Que o Cruzeiro e o São Paulo reflitam essa lógica vá lá.
Mas será que ela serviria para o Flamengo de 2009? O Santos de 2004? E o
Fluminense de 2010? Regularidade é um conceito complicado. E ainda bem, porque
assim um time que consiga uma arrancada fenomenal estará na luta. Falar em
regularidade e planejamento deixa no ar a impressão de que quando se trata de
pontos corridos só times, digamos, certinhos, é que podem triunfar. E não é bem
assim.
Tudo leva a crer que as derradeiras rodadas do Brasileirão deste ano não
trarão grandes novidades. Se ainda há uma disputa possível, tudo indica que se
dará na hora de decidir de quem será a quarta posição, que vale vaga na
Libertadores. Prato cheio pra qualquer amante do mata-mata externar seu
descontentamento e nos jogar na cara que foi só o que nos restou, se divertir
com uma disputa de quarto lugar. Não é bem assim.
No próximo domingo, Atlético
Mineiro e Corinthians estarão frente a frente, no Independência.E ainda que a
matemática não nos deixe esquecer que o campeonato está quase decidido, sabemos
todos que não se trata de um jogo qualquer. Uma vitória não salvará o time
mineiro, mas lhe dará um brilho, lhe trará respeito. O
Corinthians, por sua vez, já tem quase tudo, mas se triunfar sobre o principal
concorrente, com uma bela atuação, claramente dará outra envergadura à campanha
que vem fazendo. O sarro corintiano será outro, mais polido, mais sarcástico.
Para os descontentes continuará sendo pouco. Mas de minha parte, como disse, já
não me sinto no direito de reclamar dessa diversão possível.
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