Dias antes de o Brasil estremecer com
a detenção de José Maria Marin na Suiça uma outra notícia deixava os
brasileiros mais cientes de que para os homens do futebol o que interessa é a
grana. Contratos revelados pelo jornalista, Jamil Chade, mostravam que a CBF é
obrigada a colocar em campo um time formado por medalhões. Estava explicado,
talvez, porque Dunga nunca se sensibilizou com o clamor público que em outros
tempos pedia Neymar e Ganso na seleção. Ou porque mesmo depois de levar de
sete a seleção não se reciclou. O atual presidente da CBF ao ser questionado na
ocasião da revelação disse que o contrato não era tão ruim assim. Mas depois de
ver o parceiro de longa data acabar na prisão não pensou duas vezes pra dizer
que contratos - ainda que assinados antes da chegada dele ao comando -seriam
revistos. Depois, deixou Zurique às pressas.
De volta bradou que não tinha nada
a ver com isso. Interesses são muitos. O do russo Vladimir Putin ao atacar os
Estados Unidos pode ser o de proteger a Copa de 2018 que, ao que tudo indica, o
país dele ganhou na mão grande. O dos americanos pode ser vingar a
derrota sofrida na escolha da sede do Mundial de 2022, que eles queriam. Ou dar
um basta em não ter a mínima influência a FIFA. A verdade é que o circo se
refaz. Em 2011, pouco antes de Blatter ser
reeleito o clima não era nada ameno. O processo da falência da ISL - maior
agência de marketing esportivo do mundo, que negociava os direitos de
transmissão da Copa para a FIFA - assombrava muita gente. Em especial dois
brasileiros:Ricardo Teixeira e João Havelange.
Os dois, por isso, tiveram de
sair de cena. Deixaram o Cômite Executivo e a presidência de honra da FIFA,
respectivamente. O que ficamos sabendo é que tinham feito um acordo com a
justiça suiça pra devolver dinheiro de propina. Diante dos fatos Blatter dizia
que, a partir dali, seria tolerância zero. A terra deu mais algumas voltas e ele
admitiu que tinha conhecimento das propinas, mas que em outros tempos isso não
era crime por lá. Ah! Os paraísos fiscais. Romário, ao ver a bola pingando na
área chamou meio mundo de ladrão. E ladrando conseguiu assinaturas para uma CPI.
O enredo tá revigorado. Mas há no ar algo do tipo esse filme eu já vi. CPI ? Já
tivemos outras. Sobre a seleção ter de escalar titulares, já no final dos anos
1990 a revelação do contrato firmado entre a Nike e a CBF causava indignação. O
acordo exigia que a seleção tivesse sempre, ao menos, oito titulares em campo.
Ou seja, o enredo dessa vez ficou quente, com agentes do FBI em cena, Blatter
entregando o cargo e, nenhuma novidade, Ricardo Teixeira indiciado. Mas mudar o
futebol é outro lance.
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