Desde sempre aprendemos por vias tortas. E certos acontecimentos recentes me fizeram chegar a duas conclusões. A primeira é que, ao contrário do que se dizia em outros tempos, já não é a pátria o último refúgio dos canalhas, mas muitas vezes o hospital. Afinal, é pra lá que uns e outros pedem pra ir na hora em que a chapa esquenta. A segunda é que mais do que rever a maioridade penal, deveríamos, isto sim, rever a maior idade penal, visto que abundam em nossa história casos de senhores que acabaram livres de certas penas em virtude da idade avançada.
Mas quem sou pra querer
interpretar esse nosso país, esse nosso Estado laico, em que certos
representantes do povo se acham no direito de adentrar ao Congresso rezando? Que
me perdoe o nobre leitor por não resistir a certas tentações. É que no fundo o
Brasil é um só. Esse da bola, que nos tem como amantes. E esse do cotidiano, que
nos tem como cidadãos. Por sinal, difícil saber hoje em dia qual deles mais nos
castiga. Mas esses tais Brasis que estamos sendo obrigados a aturar, todos nós
sabemos, são um só. Como a voz das ruas costuma dizer: se merecem.
Vejam
nossa política. É ou não é um espelho do nosso time? Um deserto total de
craques. Um campo em que vencer a qualquer preço faz tempo tem sido a lei. Se ao
menos entre eles tivéssemos um Neymar. Assim, talvez, pudéssemos ao menos vez ou
outra sonhar com um pequeno triunfo aqui e um outro acolá. E o time de verdade? Bom, o
time em outros tempos sentíamos que nos representava com toda a magia do
improviso, com a transcendência de quem teve que se virar pra encontrar o
próprio caminho. Time que carregava com ele a alegria de quem venceu com o
coração. Time que antigamente era a representação de uma insanidade tão linda
que fez nosso futebol ser chamado de poesia quando comparado com o dos outros.
Mas nosso time agora parece rendido diante de um mar de interesses. As manchetes
dia após dia parecem nos desafiar a torcer sem desconfiar. E em nome de se
manter tudo mais ou menos como está o Dunga irá se esforçar, sustentará a
qualquer preço o seu discurso, dizendo até que o time aprendeu a jogar sem
Neymar. O Congresso bolará novas táticas, encenará um sem fim de lances de
efeito para amansar a torcida, visto que contentar é um outro verbo. E, enquanto
isso, vou seguindo, um tanto incrédulo com esses meus Brasis. Ciente de que de
pouco nos serviria essa Copa América, cujas entranhas sujas, não são dignas de
honrar nosso povo, nossa tradição.
Fotos: globo.com e folha.com
Fotos: globo.com e folha.com
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