Pobre daquele que não dá o braço a
torcer. O grande barato do futebol é secar o próximo. Triste dos que desfrutam
do jogo de bola e não percebem que o horizonte de quem seca é infinitamente mais
amplo do que o de quem simplesmente torce. Ouço aqui as palavras de um
companheiro de redação, corintiano, falando pra quem quisesse ouvir do prazer que desfrutou em uma recente noite de
quarta-feira na hora do jogo do São Paulo. Jogo que antecedeu a derrocada
corintiana na mesma noite.
Pois bem. Dizia ele que tendo a irmã são-paulina como
visita fez questão de abrir uma cerveja com toda a cerimônia que o momento
exige. Aí foi só ajeitar o sorriso no rosto, se acomodar no sofá ao lado dela e
se entregar à tiração de sarro. Os olhos brilhando denotavam a imensidão do
prazer. Do que veio depois não falou. Nem precisava. O depois foi só o carcere
inevitável de torcer. Castigo que veio a cavalo, paraguaio, para lhe fazer
sentir até o limite do insuportável como poderia se tornar amarga uma cerveja,
outrora acompanhante perfeita da zoação. Talvez tudo não tenha passado de um
equilíbrio universal. Algo na linha... aqui se seca, aqui se paga.
E por falar
em pagar, a conta da nossa falta de capacidade administrativa para organizar os
grandes eventos esportivos que nossas ilustres autoridades decidiram abraçar
continua caindo no colo do povão. A última foi de doer. Responsável por reformar
seis estações de trem para a Olimpíada que bate à porta o governo do Rio usou a
seguinte tática: fez um acordo com a concessionária de trens urbanos passando
para ela o custo das reformas. Algo em torno de duzentos e cinquenta milhões de
reais. Em troca, aceitou reduzir o número de composições que estava acordado
para o ano de 2020. Serão trinta a menos do que estava previsto.
Não tardou e
especialistas foram convocados. Pintaram na área cheio de argumentos. O
principal deles garantindo que, como algumas composições serão trocadas, uma
frota nova permitirá melhorias que irão reduzir o intervalo entre os
trens. Custo muito a acreditar que qualquer melhoria possa ser mais eficaz do
que trinta novas composições. Mas não sou parâmetro. Não sou especialista. Sou
apenas um desconfiado. Desconfiado, mas quase convencido de que o São Paulo não se
reinventará enquanto permanecer administrativamente desafinado. E como bom
desconfiado ando achando a missão do Corinthians neste momento ainda mais
desafiadora. Ter de se reinventar com o caixa, pelo que andam dizendo, pra lá
de emagrecido. Seja como for, com eles bem sucedidos, ou não, o paraíso
continuará sendo dos secadores.
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