Na semana passada fiz questão de
dividir com vocês a minha sensação de que os acontecimentos que abalaram o mundo
do futebol, vistos por certa ótica, não traziam ingredientes novos. No entanto,
vale notar que nem tudo é velho. E nesse sentido o caso envolvendo a França e a
Irlanda é emblemático. Ficamos sabendo agora que bastaram alguns milhões de
euros para fazer a Irlanda se calar diante daquela mão na bola indecente que
acabou classificando a França para a Copa do Mundo da África do Sul. Um
dirigente irlandês admitiu que esse foi o valor acertado para que a Irlanda não
entrasse com um recurso contra o lance polêmico.
Outro detalhe que merece
atenção é a manobra que está sendo ensaiada pela CBF para mudar o estatuto da
entidade. O que deve se confirmou na reunião extraordinária realizada hoje.
Mudar as regras para driblar a realidade não é novidade, mas dessa vez revela
a dimensão da preocupação e da urgência que anda rondando a cabeça dos altos
dirigentes do futebol brasileiro. Com a tal mudança Del Nero poderá permanecer no cargo por doze anos. E, apesar de ninguém por lá admitir, não deixa
de ser uma virada de mesa. E pensar que andamos nos vangloriando de que futebol
brasileiro estava livre delas.
Mas novo mesmo pra valer é ver o presidente dos
Estados Unidos, em plena reunião do G7, o poderoso grupo formado pelos sete
países mais industrializados do mundo, arrumar um tempo para falar da FIFA, das
investigações em curso e dizer que as pessoas precisam ter certeza de que o
futebol é disputado com integridade. Tão novidadeiro quanto a fala de Obama
seria o governo brasileiro aproveitar o momento e impor aos clubes as medidas
inicialmente propostas na medida provisória que trata do refinanciamento das
dívidas dos clubes. Mas é bom abrir os olhos pois pelo visto os cartolas não
estão tão frágeis assim.
Creio que se estivessem o relator da mesma - o Deputado
Otávio Leite - talvez tivesse pensado duas vezes antes de apresentar um
relatório inicial que desfigura a medida. A briga é boa. E prova disso é notar a
estratégia que a CBF passou a adotar depois da chegada de Marco Polo Del Nero à
condição de presidente, ou seja, antes mesmo da bomba estourar. A estratégia foi trazer para a CBF uma série de políticos. Além de ter feito Walter Feldman secretário-geral da entidade, fez também de Vicente Cândido, antigo aliado,
diretor de assuntos internacionais. E de Marcelo Aro, deputado federal como
Cândido, o responsável por uma recém criada Diretoria de Ética e
Transparência. Resta saber se desse jogo de forças saíra algo novo, ou velho.
* Foto Obama /AFP
Nenhum comentário:
Postar um comentário