Semana passada
prometi falar de Ricardo Gareca, treinador que tem a dura missão de comandar o
Palmeiras, time que neste momento amarga sete partidas sem vencer no
Brasileirão. Detalhe, em ano de centenário. Na noite
da última quarta levou o Palmeiras às oitavas de final da
Copa do Brasil, acontecimento que se não aliviou a pressão, ao menos, deu uma dose mínima de
ânimo ao elenco comandado por ele. E do jeito que a coisa vai qualquer ajuda é bem
vinda.
Ricardo Gareca
desde o início mostrou personalidade. E, creio, alguns detalhes não deveriam passar
despercebidos. Realizar treinos usando os times das categorias de base, por
exemplo. Também achei interessante notar certo espanto no fato de o treinador ter convidado semanas atrás o time sub-17 para um jogo treino e no
meio dele ter tomado a liberdade de parar o andamento do confronto várias vezes
para fazer observações, corrigir posições. Isso deveria causar espanto? E não é
só.
Antes do clássico contra o Corinthians, mesmo tendo jogo no meio de semana
pela Copa do Brasil, Gareca decidiu dar folga ao elenco e em seguida
poupou praticamente todos os titulares da viagem que o time faria ao sul do
país. Como bem observou meu amigo e comentarista, Celso Unzelte, tratou-se, no
mínimo, de uma bela quebra de paradigma.
No domingo, depois do empate com o
Bahia, voltei a ouvir o treinador palmeirense dizer que não sabia o que pensavam
os diretores do clube naquele momento. A impressão que tenho é a de que é melhor
mesmo não saber, pois a diretoria do clube, apesar da visão louvável que a
escolha deixa transparecer talvez não tenha fibra suficiente para bancar a
aposta do jeito que ela pede.
De minha parte gostaria muito de ver Ricardo
Gareca obter algum êxito à frente do Palmeiras porque acredito que isso, de
alguma forma, ajudaria o futebol brasileiro. Enxergo uma tremenda incongruência
no fato dos nossos clubes não pensarem duas vezes na hora de contratar jogadores
de fora mas se mostrarem receosos para fazer o mesmo quando se trata de um
técnico.
Levando em conta a supremacia financeira do futebol brasileiro em
relação aos outros países sul-americanos, poderíamos ter aqui muito do que
existe de melhor em nosso continente em matéria de treinadores. Outra qualidade
que Ricardo Gareca tem demonstrado ao comandar o Palmeiras é apostar na
ofensividade. Coisa cada vez mais rara entre os brasileiros. Muitos, no lugar
dele, já teriam armado uma retranca dessas de arrepiar.Como de arrepiar é ter de carregar este jejum de sete jogos sem vitória até o Independência para enfrentar o Atlético Mineiro, no domingo.
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