Não sei se vocês viram. A FIFA dias atrás divulgou um relatório técnico sobre a Copa. O relatório enaltece o nível do futebol apresentado por estas terras. Não nego que o Mundial tenha tido bons jogos, no entanto, continuo achando que grande parte da empolgação que desfrutamos foi proporcionada por confrontos onde a dramaticidade é que contribuiu definitivamente para nossa diversão e não propriamente a técnica. Como não nego o valor da posse de bola, até porque estando com ela tudo passa a ser mais provável. Mas vai aí um mito que as próprias estatísticas são capazes de colocar em seu devido lugar. Não são poucos os jogos em que o time de menor posse de bola sai de campo vencedor. A posse é valorosa, jamais definitiva.
E
mesmo que a Copa tenha sido incrível não devemos deixar que essa empolgação
apague o senso crítico com relação ao modo como foi feita. Durante o Mundial,
Joseph Blatter, o presidente da FIFA, fez questão de se mostrar empolgado com o
fato das seleções terem demonstrado fome de ataque " desde a primeira fase". O
relatório também diz que os centroavantes típicos não se mostraram uma boa
opção. Ora, bastaria um de raro talento para colocar em xeque a teoria. No mais,
claro que uma maior versatilidade amplia consideravelmente a possibilidade de
sucesso. Raciocínio que, aliás, vale para qualquer posição, inclusive, para os
goleiros, muito enaltecidos pelo relatório. Eles brilharam, não resta dúvida,mas
nenhum chegou aos pés do alemão, Neuer. Boa prova de que o talento é que
desequilibra, seja qual for a Copa, seja qual for o tempo.
O número de gols foi
outro destaque. Mas se levarmos em conta que juntas as derrotas de Espanha e
Portugal na primeira rodada, somadas aos sete a um e aos três a zero sofridos
pelo Brasil na semi e na decisão do terceiro lugar, somam nada menos do que
vinte e um gols - e que pelo menos três desses jogos podem ser considerados, sem
medo de errar, totalmente atípicos - ai a coisa arrefece um pouco, né? Mas não
tenho a mínima pretensão de ser definitivo, minha diversão é provocar reflexões.
Outro detalhe, e nesse o Brasil também contribuiu fortemente, os chutões para a
frente. Diz o relatório que se deu melhor quem jogou pelo chão. Talvez o certo
fosse dizer que se deu melhor quem mostrou capacidade pra colocar a bola no
chão. O que é pra lá de óbvio.
E é claro que a FIFA também encheu a bola do
sistema eletrônico para validar o gol, do uso do spray. Mas vale notar que, no
caso do spray, demorou quase uma década e meia para adotar uma ideia que, desde
o primeiro momento, pareceu simples e eficiente.
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