Amigos, a câmera lenta é uma armadilha. Muito boa, às vezes, porque nos livra da insana velocidade do mundo. Mas tá demais. Os especialistas passam horas discutindo um toque que eles veriam de outra forma não fosse o tal recurso.
O futebol é esporte de movimentos complexos. Alguns tão complicados, que impedem quem quer que seja de chegar à uma conclusão mesmo depois de analisá-los com a ajuda do infausto e brilhante efeito de tornar o andamento das imagens mais vagaroso.
Os homens olham incansavelmente as cenas que vão se desenhando no ar e não conseguem concordar sobre o ocorrido. Pudera. Pobres juízes que precisam desvendar tudo com seus meros olhos humanos.
Não é à toa que muita gente desacostumada a frequentar os estádios sente um vazio terrível após testemunhar um gol, ao lembrar, repentinamente, que não haverá replay, slow.
Podíamos pelo menos por uma semana, uma rodada que fosse, voltar a usar três câmeras na transmissão das partidas. Uma de cima, dando o geralzão. E uma atrás de cada gol, que seja, pra evitar maiores radicalismos. Só pra ver no que ia dar.
Com uma infinidade de puxões, maldades, gestos, cotovelos e falas fora do alcance das lentes ficaríamos mais próximos da visão daquele torcedor que ainda se dispõe a estar nas arquibancadas. Os detalhes à disposição dos comentaristas sofreriam drástica redução. E essa carência poderia ajudar a melhorar as discussões, promover debates sobre temas novos, não sei.
"O Mundo é muito veloz pra ser visto sem um slow", costumo dizer aos meus amigos de TV na hora da edição. E falo sério. É mais fácil decifrá-lo assim lentamente. Desse modo percebemos melhor suas belezas. Mas no futebol a coisa não para por aí.
No futebol o replay em slow-motion muitas vezes deturpa o ocorrido. Com ele as imagens sugerem uma realidade e uma situação que nem sempre existiram, e enchem os homens da justiça desportiva de munição, logo eles, sedentos por entrar no jogo.
De repente, aquele puxão óbvio nem foi notado pelo atacante. Naquele outro momento, ao sentir um leve toque, o zagueiro se atirou pra frente. E depois se deleitou ao ver o VT e perceber que tinha desenhado o lance à perfeição. Parecia mesmo ter sofrido um tranco poderoso.
Ao invés de ficar desnudando o jogo de futebol com câmeras por todos os lados, deveríamos, de maneira experimental, nos livrar desses muitos ângulos. Nos contentar com imagens mais possíveis de serem testemunhadas a olho nu. Aceitar que muitas delas reproduzem situações impossíveis de serem interpretadas.
Mas já não somos capazes de negar a modernidade. Não podemos viver sem as micro câmeras, os zoons, os tira-teimas. Se a intenção era chegar ao consenso, é preciso admitir a inviabilidade do sistema.
E vem aí mais uma dose caprichada de empurra-empurra. É, tem mais essa. A câmera lenta revela sem pudor a baixaria que virou a disputa na grande área. Ninguém mais quer jogar bola por ali. Essa é a impressão que tenho.
O futebol é esporte de movimentos complexos. Alguns tão complicados, que impedem quem quer que seja de chegar à uma conclusão mesmo depois de analisá-los com a ajuda do infausto e brilhante efeito de tornar o andamento das imagens mais vagaroso.
Os homens olham incansavelmente as cenas que vão se desenhando no ar e não conseguem concordar sobre o ocorrido. Pudera. Pobres juízes que precisam desvendar tudo com seus meros olhos humanos.
Não é à toa que muita gente desacostumada a frequentar os estádios sente um vazio terrível após testemunhar um gol, ao lembrar, repentinamente, que não haverá replay, slow.
Podíamos pelo menos por uma semana, uma rodada que fosse, voltar a usar três câmeras na transmissão das partidas. Uma de cima, dando o geralzão. E uma atrás de cada gol, que seja, pra evitar maiores radicalismos. Só pra ver no que ia dar.
Com uma infinidade de puxões, maldades, gestos, cotovelos e falas fora do alcance das lentes ficaríamos mais próximos da visão daquele torcedor que ainda se dispõe a estar nas arquibancadas. Os detalhes à disposição dos comentaristas sofreriam drástica redução. E essa carência poderia ajudar a melhorar as discussões, promover debates sobre temas novos, não sei.
"O Mundo é muito veloz pra ser visto sem um slow", costumo dizer aos meus amigos de TV na hora da edição. E falo sério. É mais fácil decifrá-lo assim lentamente. Desse modo percebemos melhor suas belezas. Mas no futebol a coisa não para por aí.
No futebol o replay em slow-motion muitas vezes deturpa o ocorrido. Com ele as imagens sugerem uma realidade e uma situação que nem sempre existiram, e enchem os homens da justiça desportiva de munição, logo eles, sedentos por entrar no jogo.
De repente, aquele puxão óbvio nem foi notado pelo atacante. Naquele outro momento, ao sentir um leve toque, o zagueiro se atirou pra frente. E depois se deleitou ao ver o VT e perceber que tinha desenhado o lance à perfeição. Parecia mesmo ter sofrido um tranco poderoso.
Ao invés de ficar desnudando o jogo de futebol com câmeras por todos os lados, deveríamos, de maneira experimental, nos livrar desses muitos ângulos. Nos contentar com imagens mais possíveis de serem testemunhadas a olho nu. Aceitar que muitas delas reproduzem situações impossíveis de serem interpretadas.
Mas já não somos capazes de negar a modernidade. Não podemos viver sem as micro câmeras, os zoons, os tira-teimas. Se a intenção era chegar ao consenso, é preciso admitir a inviabilidade do sistema.
E vem aí mais uma dose caprichada de empurra-empurra. É, tem mais essa. A câmera lenta revela sem pudor a baixaria que virou a disputa na grande área. Ninguém mais quer jogar bola por ali. Essa é a impressão que tenho.
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