sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Ah! Nossa seleção !

Nem tudo o que se pensa se fala. Fico imaginando que no fundo, no fundo, Dunga olhe pra situação dele e pense: os caras me bombardeiam mas a Argentina perdeu em casa. É, perdeu. Mas quem pensa assim deveria levar em conta que os argentinos carregarão até a próxima Copa o status de vice-campeões do mundo. Se os brasileiros costumam não valorar os vices é outra questão. Isso sem dizer que com muito menos futebol eles endureceram o jogo pra cima da Alemanha e estiveram perto de fazer na final o que parecia improvável. E não foi à toa. O time argentino com todas os detalhes desabonadores que possam lhe impor continua tendo uma maneira de se portar em campo que soa muito condizente com o que sempre foi. Engana-se quem, cegado pela rivalidade, não enxerga no time portenho uma escola de futebol.

Se com a bola ao longo da história conseguimos ser mais artistas, eles desde sempre puderam nos servir de exemplo de conjunto, sem nunca terem deixado de ter também jogadores de técnica respeitável. A leitura que fiz e faço das primeiras apresentações do Brasil nas eliminatórias é simples. A opção de Dunga por Lucas Lima diz tudo. Foi, antes de qualquer outra coisa, o espelho do tamanho da ousadia do nosso treinador que, falando claramente, no primeiro jogo foi capaz de apostar cerca de dez minutos na capacidade criativa do nosso futebol. E só. Não deixo de reconhecer em parte dos nossos convocados certa excelência técnica. Nem desdenho da igualdade entre os times que o tempo trouxe e se faz evidente. Mas o que me intriga, é que ainda estamos em um patamar razoável, mas que não tem se refletido em nenhum tipo de vantagem em campo.

É fato que temos há tempos uma seleção sem pegada, sem identidade, e nada pode ser mais brochante do que isso. Adiante não sei, mas hoje em dia a seleção brasileira é um time que não deu liga. Há quem se agarre ao placar do jogo contra a Venezuela. Na próxima rodada estaremos frente a frente com os argentinos, que perderam na estreia como nós. Gostaria de acreditar que estamos em pé de igualdade com eles, mas não creio. E também não vou mudar de ideia caso o time brasileiro vença a Argentina jogando em Buenos Aires. O placar não me servirá de parâmetro. Quem parecerá mais time, quem terá um jeito mais sólido de jogar, quem será mais competitivo? Aliás, competitividade é qualidade que nunca faltou aos argentinos, e que a antiga seleção de Dunga também tinha. Mas, quem terá mais alma, mais identidade? Essa é a dividida que eu quero ver o Brasil encarar, é isso que gostaria de ver no time brasileiro quando ele voltar a disputar um jogo de eliminatória no mês que vem.

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