sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Um argentino entre nós

Semana passada prometi falar de Ricardo Gareca, treinador que tem a dura missão de comandar o Palmeiras, time que neste momento amarga sete partidas sem vencer no Brasileirão. Detalhe, em ano de centenário. Na noite da última quarta levou o Palmeiras às oitavas de final da Copa do Brasil, acontecimento que se não aliviou a pressão, ao menos, deu uma dose mínima de ânimo ao elenco comandado por ele. E do jeito que a coisa vai qualquer ajuda é bem vinda. 

Ricardo Gareca desde o início mostrou personalidade. E, creio, alguns detalhes não deveriam passar despercebidos. Realizar treinos usando os times das categorias de base, por exemplo. Também achei interessante notar certo espanto no fato de o treinador ter convidado semanas atrás o time sub-17  para um jogo treino e no meio dele ter tomado a liberdade de parar o andamento do confronto várias vezes para fazer observações, corrigir posições. Isso deveria causar espanto? E não é só. 

Antes do clássico contra o Corinthians, mesmo tendo jogo no meio de semana pela Copa do Brasil, Gareca decidiu dar folga ao elenco e em seguida poupou praticamente todos os titulares da viagem que o time faria ao sul do país. Como bem observou meu amigo e comentarista, Celso Unzelte, tratou-se, no mínimo, de uma bela quebra de paradigma. 

No domingo, depois do empate com o Bahia, voltei a ouvir o treinador palmeirense dizer que não sabia o que pensavam os diretores do clube naquele momento. A impressão que tenho é a de que é melhor mesmo não saber, pois a diretoria do clube, apesar da visão louvável que a escolha deixa transparecer talvez não tenha fibra suficiente para bancar a aposta do jeito que ela pede. 

De minha parte gostaria muito de ver Ricardo Gareca obter algum êxito à frente do Palmeiras porque acredito que isso, de alguma forma, ajudaria o futebol brasileiro. Enxergo uma tremenda incongruência no fato dos nossos clubes não pensarem duas vezes na hora de contratar jogadores de fora mas se mostrarem receosos para fazer o mesmo quando se trata de um técnico.

Levando em conta a supremacia financeira do futebol brasileiro em relação aos outros países sul-americanos, poderíamos ter aqui muito do que existe de melhor em nosso continente em matéria de treinadores. Outra qualidade que Ricardo Gareca tem demonstrado ao comandar o Palmeiras é apostar na ofensividade. Coisa cada vez mais rara entre os brasileiros. Muitos, no lugar dele, já teriam armado uma retranca dessas de arrepiar.Como de arrepiar é ter de carregar este jejum de sete jogos sem vitória até o Independência para enfrentar o Atlético Mineiro, no domingo.     

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