O coro xingando Renato Gaúcho no Maracanã enquanto se desenhava a vitória do Athletico Paranaense que eliminou o Flamengo da Copa do Brasil foi das cenas mais impactantes dos últimos tempos. Sensação muito provavelmente realçada pela condição em que foi transmitida. Com o áudio ambiente em destaque e com a imagem do treinador e seu semblante pra lá de desconfortável em primeiro plano com a arquibancada que cantava o coro ao fundo. Tudo sendo mostrado simultaneamente. Arrisco dizer, inclusive, que pode ter sido esse, mais do que a derrota em si, o motivo dele ter entregado o cargo depois do jogo. O que não foi aceito pelos dirigentes.
O que me faz pensar isso é que desde sempre existiu no trabalho do Renato Gaúcho essa mística com a torcida. Seus trabalhos sempre estiveram um tanto ancorados nessa relação desenhada desde os tempos de jogador. Foi assim no Grêmio, é um pouco assim no Flamengo e também foi assim na época do Fluminense, ainda que com outra intensidade. Mas naquele momento tudo isso pareceu ter caído por terra. O calor da torcida tem um preço, que pode ser alto. Gabigol quis falar depois do jogo. O que não costuma ser normal. Talvez tenha percebido que era preciso estabelecer um diálogo com a torcida naquele momento. Evitar que a ruptura fosse maior. O afastamento.
Isso tudo pode apontar um caminho para o Santos nessa reta final de Brasileirão que se revela dos maiores desafios que o clube já viveu. Em poucas palavras: é preciso ter a torcida junto. Que uma vitória melhora qualquer relação todo mundo sabe. Duas, então, nem se fala. O jogo contra o Fluminense deixou isso muito claro. Depois do primeiro gol naquele duelo de tudo ou nada deu-se uma verdadeira transformação. Claramente visível. No time e na arquibancada. Em uma situação dessas vale tudo. Um encontro com craques do passado, o capitão do BOPE, o sal grosso, a troca do executivo de futebol.
Mas na minha modesta opinião cuidar da relação do time com a torcida é crucial. Sabemos todos que a Vila faz tempo, desde antes da Pandemia, já não fazia jus a velha alcunha de Alçapão. Coisa que se resgatada seria uma vitamina danada. E olha que o time viveu bons momentos em sua história recente, ainda que improváveis como já dito aqui. Estou convencido que a essa altura nem se trata de uma questão numérica mas de animosidade. Que venham os verdadeiramente dispostos a colocar o time pra frente, a gritar mesmo quando no gramado a situação por ventura venha a se complicar.
No final de semana a Vila será palco de mais um clássico, no qual o Peixe está longe de ser favorito. O adversário será o Palmeiras que, criticado como poucos até semanas atrás, dá a impressão de que vive um embalo poderoso. O Grêmio que atravessa situação ainda pior que a do Santos e foi a última vítima do time palmeirense, depois de tudo o que viu acontecer em sua Arena, e ouvir o vice de futebol dizer que a torcida estará com o time até o fim, recebeu uma punição e jogará em casa com portões fechados e sem cota de ingressos quando for visitante. Mais acertado seria dizer que em momentos assim não poder contar com a torcida tem tudo para ser fatal. Os espertos aprendem com a lição dada aos outros.
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