quinta-feira, 25 de novembro de 2021

A tal final da Libertadores



Embora imprevisível o futebol dá pistas dos caminhos que toma, pistas traiçoeiras muitas vezes, é verdade. A presença de Flamengo e Palmeiras na final da Libertadores revela um pouco disso. São dois times que há tempos se impuseram no cenário do futebol nacional. Uma lógica intimamente ligada à grana, mas ela - ainda bem - não explica tudo.  Já vi , e tenho certeza de que o leitor também, times endinheirados sem brilho e, consequentemente, sem conquistas. Não é o caso dos dois finalistas do torneio continental.  Cada um a seu modo tratou de ratificar com títulos a própria fama. 

Que a montagem do time carioca parece ter sido feita com maior precisão quase não tenho dúvidas.  Como não tenho também que o passar do tempo tornou essa diferença menor, não diria invisível. Vivemos um tempo meio esquisito em que a crônica se deixou levar pela contundência. Alguns se envaidecem por cravar resultados. Ponderar, em geral, passou a ser definido como coisa de quem fica em cima do muro. Não diria que o Flamengo chega melhor, mas é um time que na minha opinião tem mais a oferecer. Sou um tipo estranho, acredito cegamente no triunfo da talento sobre o pragmatismo, ainda que saiba que quando se trata do bom e velho jogo de bola um sempre depende de uma dose do outro . 



E não me entendam mal, no caso dessa final da Libertadores os dois times têm talento em doses consideráveis. E, não à toa, desde que foi definido o embate pairou sobre todas as conversas. Foi praticamente impossível falar em um dos dois times sem se render a uma análise que levasse em conta a partida que se dará no lendário estádio Centenário, em Montevidéu, no Uruguai, na tarde do próximo sábado. Abel , o treinador palmeirense foi criticado no meio da semana passada ao colocar em campo um time reserva para encarar o São Paulo num jogo de muito peso.  A torcida fez cara feia. Mas na breve entrevista concedida depois da derrota para o tricolor mostrou uma convicção extrema no planejamento feito pelo clube. Tem a seu favor uma vantagem, se ainda não conhece o futebol brasileiro com mais profundidade - embora sempre faça questão de  deixar nas entrelinhas que já o decifrou - vive pela segunda vez a realidade de levar o Palmeiras à decisão do desejado torneio continental.  Não é mais um novato nesse sentido e experiência nunca é demais. 

Do lado rubro-negro, se falei de talento e pragmatismo, foi pensando em Michael e sua fase incendiária. Não queria esse dilema pra mim. Renato Gaúcho, o treinador do time da Gávea, ganha bem para tratar dele.  Só digo que em algum momento gostaria de vê-lo em campo. E sei que nesse capítulo final de Libertadores ninguém ao se colocar ali perto da linha central para entrar no jogo seria tão capaz de mexer com os ânimos.  Esperamos um jogo sublime. Há história pra isso. Como há nisso certa inocência. Um jogo com ar de tira teima simplesmente entre os dois últimos vencedores do torneio. O que pode fazê-lo mais pegado e estudado do que jogado. Será mesmo um jogão? Que dirão seus falastrões treinadores quando esse Flamengo e Palmeiras tiver virado história? Isso também tenho muita curiosidade de saber. A ver!

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