Foto: Gazeta Press |
Uma vitória nem sempre é
obra do acaso mas no futebol ele
tem papel fundamental, como tem na nossa vida. A diferença é que quando o acaso
decreta algo em nosso cotidiano na maior parte das vezes não temos como não
aceitar que o ocorrido foi obra dele. Mas quando o papo é futebol a coisa toma
outro rumo. A primeira razão é que aceitar o acaso, simplesmente, rouba a razão
de parte das reflexões feitas em cima do jogo. Notem que se fala tanto de
futebol atualmente que vira e mexe tenho a impressão de que não tardará o dia em
que se falará mais do que se jogará futebol. Embora nosso calendário esteja aí à
postos pra encarar a briga.
A segunda razão, essa difícil de ser driblada ou
esclarecida, é que há muitas coisas agindo no que se dá entre as quatro linhas.
O que faz o argumento do acaso ser facilmente encarado como simplista. Tem mais,
o acaso, obra sem assinatura, num primeiro momento sempre é tido como algo
menor. Mas se enganam os que acham que ele não pode se revelar genial ou
grandioso. Se os que analisam não o exaltam tampouco os derrotados se sentem à
vontade com ele. Mesmo notando no acontecido algo de casual jamais farão questão
de aceitar o fato de terem sido derrotados por tão incerto adversário.
E, além
disso, sabendo da reputação de que o acaso goza não querem correr o risco ver
suas justificativas encaradas como mera desculpa. Mas nunca é tarde pra dizer
- e notar - que o acaso não existe apenas de maneira óbvia. Não se revela só em
lances sem mistério, como quando a bola bate na canela de um juiz e acaba dentro
do gol, como já aconteceu, aliás. E a única que pode, talvez, disputar com o
acaso o título de coisa mais ignorada pelos entendidos da crônica esportiva é a
dúvida. Só ela desponta nesse cenário com tratamento semelhante ao acaso. Ambas
tratadas quase com desprezo, vistas como algo capaz de diminuir seus
defensores.
Mas, queiram os homens ou não, o acaso é parte do jogo e quase
sempre não ganha os créditos porque tudo que se passa entre as quatro linhas
precisa ser creditado a alguém ou deixar transparecer uma razão. Por outro lado,
há coisas que jamais poderiam ser explicadas pelo acaso. Como, por exemplo, o
fiasco santista na missão de se aproximar da ponta da tabela ou
o Corinthians não sacramentar esse título. Fato é que com esse jeitão de
decidido, ou em aberto, o Brasileirão nos reserva clássicos de respeito neste
final de semana. Caso de Cruzeiro e Atlético Mineiro, no Mineirão. E São Paulo e
Flamengo, que na tarde do domingo estarão frente a frente no Pacaembu. Vedetes
de uma rodada que promete durar uma eternidade porque o líder só a fechará na
noite de segunda-feira quando for visitar o Botafogo.
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