Todo mundo sabe que onde se fala de futebol pra valer é na feira, na pelada com os amigos, no trabalho, na mesa do bar. O que se vê fora disso é ofício. Só o torcedor é verdadeiramente livre. E foi pensando nisso que lembrei do Jorjão, de quem até já falei aqui. O cara segue lá no almoxarifado, como bom corintiano, torcendo mesmo é pro Brasileirão acabar. Disfarça, mas tá numa contagem regressiva danada! Não é à toa que vira e mexe deixa escapar no meio do papo:
_ Faltam quantas rodadas mesmo?
O Zé Carlos, da manutenção, é da mesma
estirpe. Polido, a seu modo, não é desse tipo de corintiano que costuma descer a
lenha no Rodriguinho. O alvo da vez. Sempre teve um ar calmo e, gozando de boa
vantagem, andava parecendo budista. Mas depois da derrota pro Botafogo não sei,
não. O São Paulino Silviano, que também já citei
aqui, gosta de consultar os astros. Parece conformado com o inferno astral que o
time dele atravessa. E se o conheço bem não deve ter tido das estrelas sinal
forte de a coisa pode mudar rápido. De olho no céu defende o
seguinte:
_ O ano podia ser do
leonino Rodrigo Caio, que é Galo no horóscopo chinês. E este é o ano do
galo. Mas Dorival é ariano. E ariano e leonino sempre duelam pra ver quem manda
mais. Aí Dorival anula o Rodrigo Caio. Quem tá num ano bom é o Petros, serpente
no ano do Galo.
Já o santista, Manoel
Viúdes, editor de imagem com bagagem no ramo de fazer frente a vivência de um
Zagallo tá que é só desgosto. Foi capaz, vejam vocês, de quase perdoar o tropeço
diante da Ponte, que todo mundo sabe é time encardido. Mas depois do que
aconteceu diante do Vitória e do Sport, pintou na redação no outro dia que até o
olhar tava diferente. De tão desapontado foi sucinto:
_ O
Santos tá melancólico.
Mas aí eu caí na
besteira de sugerir que a vitória sobre o Atlético Goianiense trouxe alguma
esperança. Pra quê? O homem deixou transparecer sua fúria:
_ Era só o que me
faltava! Empatar com o lanterna na Vila! Mas tá tudo uma bagunça mesmo. Não
duvido de mais nada.
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