Faz algum tempo brinco com os amigos corintianos dizendo a eles que a roda gira. Diante da cara de espanto, faço logo alusão à uma roda gigante, dizendo que não dá pra querer ficar o tempo todo lá em cima. Uma hora é preciso baixar. Não sem antes lembrar que eles ficaram por cima um período considerável. Devo ter visto alguém fazer a brincadeira e achei que a imagem era boa. No fundo só um jeito mais elaborado de dizer que em matéria de futebol não dá pra ganhar sempre.
Mas o fato é que a
situação complicou a tal ponto que
nem sei se a brincadeira ainda cabe. Era um sarro justo para aquele hiato entre
a saída de Tite e as primeiras oscilações quando o time, apesar de toda a turbulência,
ainda mantinha boa posição na tabela. O que já não é o
caso, tantos são os ingredientes que foram se misturando. Não se trata mais apenas de certa pobreza técnica, mas também
daquela que se descobre ao olhar o cofre do time. E acho que
o caldo pode entornar de vez graças as questões que envolvem a Arena
Corinthians, vista em outros tempos como a conquista que colocaria o
clube em um outro patamar de faturamento e administração. Só que
aos poucos o torcedor vai descobrindo da maneira mais amarga
possível que, principalmente nas questões referentes ao segundo
quesito, não há milagres.
Mas se existe algo a ser comemorado
nessa história é a média de público que, ao menos enquanto
o futebol apresentado pelo time era promissor, fez o Corinthians
faturar como gente grande. Mas aí talvez fosse o caso
de enaltecer a torcida, né? Não exatamente aqueles que cuidam da gestão do
clube. E que a torcida a essa altura não se mostre mais tão a fim
assim de ver o time é compreensível. Como é compreensível que a preocupação com a queda vertiginosa da
bilheteria figure na lista de prioridades do clube. Mas não custa lembrar que a projeção de se ter em Itaquera
cerca quarenta mil pessoas por jogo, só faz sentido mesmo se for, como era, para
temperar o papo com os envolvidos em fazer o estádio sair do papel.
É um número gigante pro nosso futebol, apesar de
tudo que ele evoluiu nesse sentido.
Diante do quadro atual uma vaga na
Libertadores do ano que vem está longe de ser remédio pra curar as dores
corintianas, mas a ausência dela pode revelar uma palidez medonha. E se a essa
altura da temporada a imagem da roda gigante não se mostra mais como o
melhor paralelo para explicar a situação do Corinthians, continua servindo para explicar
o que separa a realidade dos nossos clubes dos grandes clubes europeus. Não, não
é apenas o futebol. É que os grandes de lá quando estão por baixo sabem que
voltar a subir é apenas uma questão de tempo. Uma certeza que infelizmente
nenhum dos nossos clubes pode, ou deve, se dar ao luxo de ter.
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