quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Diga lá: Brasil x Argentina!


Hoje à noite tem um Brasil e Argentina à vera. É daqueles jogos cuja sonoridade dos nomes envolvidos, mesmo quando ditos apenas mentalmente, basta pra deixar transparecer seu tamanho. O encontro será no Mineirão onde pouco mais de dois anos atrás os alemães nos fizeram ver o quanto nosso futebol e nossos selecionáveis estavam vulneráveis. Imagino que alguém tenha resolvido dar um basta na situação ciente de que um dia a seleção precisaria voltar lá. Talvez até tenha sido ideia de Tite, apresentado dois dias antes da confirmação do jogo no estádio mineiro. 

Mas, seja qual for o enredo que venha a se desenhar por lá na noite de hoje, não terá o poder de livrar a seleção brasileira do que viveu ali. Sinto dizer mas aquilo é pra sempre, e q qualquer discurso no sentido contrário falso. Será também o encontro de dois técnicos em início de trabalho.Tite ao debutar no comando do time brasileiro contou com um Gabriel Jesus inspirado e de lá pra cá não perdeu o embalo. E que embalo, em quatro jogos fez de um Brasil sexto colocado o líder das Eliminatórias.

Não que Edgardo Bauza, o atual técnico argentino, contratado menos de dois meses depois, tenha começado mal quando recebeu o Uruguai, em Mendonza. Outro clássico daqueles ao qual basta sentir a sonoridade dos nomes. Messi estava de volta depois do penalti perdido na Copa América, do vice-campeonato diante do Chile e, num daqueles dias, se encarregou de fazer o gol que deu a vitória e a liderança das Eliminatórias ao time argentino. Mas no futebol as coisas mudam rápido, algo que não devemos deixar de ter em mente mesmo quando o Brasil dá pinta de ter encontrado um rumo. Prova disso é que de lá pra cá a Argentina não venceu mais.

Empatou com a Venezula fora de casa e também fora de casa repetiu o placar de dois a dois diante do Peru. Nesse jogo esteve duas vezes em vantagem, mas viu Cueva - esse mesmo, do São Paulo, que acaba de fazer um belo clássico contra o Corinthians - aos trinta e oito do segundo tempo, de penalti, marcar o segundo gol peruano. Guerrero tinha feito o primeiro. Para completar, na última rodada a Argentina perdeu em casa para o Paraguai. Por essas e outras desembarcaram aqui fora da zona de classificação para a proxima Copa do Mundo, amargando uma nada brilhante sexta posição e tendo de ouvir a torcida se perguntar se a classificação para a Copa virá, isso dois meses após ter batido o Uruguai e assumido a liderança. Algo muito parecido com o que vivíamos antes da chegada de Tite.

Mas Bauza não perdeu a pose, andou dizendo pra quem quisesse ouvir que trabalha pra ser campeão do mundo e que vem ao Brasil pra vencer. Fez questão de justificar a afirmação lembrando aos interessados que o trabalho dele não faria sentido se não acreditasse que pode dar conta disso. Coincidência, ou não, Messi não participou dos últimos três jogos da Argentina, mas estará de volta hoje. 

Ainda assim se o discurso de Bauza soa um tanto pretensioso, pretensiosa também será qualquer análise que venha a sugerir que Tite a essa altura já consertou a seleção brasileira. Mesmo porque os grandes problemas que o futebol brasileiro tem pra resolver não passam exatamente pelo futebol da seleção. Mas o que sem dúvida Tite fez foi resgatar o interesse do torcedor pelo time nacional. Chego a duvidar que algum apaixonado por futebol não mova mundos pra acompanhar esse Brasil e Argentina de hoje a noite. Jogo tão grande que se vencermos nos dará a impressão de que realmente viramos uma página

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