Hoje à noite tem um Brasil e Argentina à vera. É daqueles jogos cuja sonoridade dos nomes envolvidos, mesmo quando ditos apenas mentalmente, basta pra deixar transparecer seu tamanho. O encontro será no Mineirão onde pouco mais de dois anos atrás os alemães nos fizeram ver o quanto nosso futebol e nossos selecionáveis estavam vulneráveis. Imagino que alguém tenha resolvido dar um basta na situação ciente de que um dia a seleção precisaria voltar lá. Talvez até tenha sido ideia de Tite, apresentado dois dias antes da confirmação do jogo no estádio mineiro.
Mas, seja qual for o
enredo que venha a se desenhar por lá na noite de hoje, não terá o poder de livrar a seleção
brasileira do que viveu ali. Sinto dizer mas aquilo é pra sempre, e q qualquer
discurso no sentido contrário falso. Será também
o encontro de dois técnicos em início de
trabalho.Tite ao debutar no comando do time brasileiro contou com um Gabriel
Jesus inspirado e de lá pra cá não perdeu o
embalo. E que embalo, em quatro jogos fez de um Brasil sexto colocado o líder
das Eliminatórias.
Não que Edgardo Bauza, o atual técnico argentino, contratado menos
de dois meses depois, tenha começado mal quando recebeu o Uruguai, em Mendonza. Outro clássico daqueles ao qual basta sentir
a sonoridade dos nomes. Messi estava de volta depois do penalti perdido na Copa América, do vice-campeonato diante
do Chile e, num daqueles dias, se encarregou de fazer o gol que deu a vitória e a liderança das Eliminatórias ao time argentino. Mas no futebol as coisas mudam
rápido, algo que não devemos deixar de ter em mente mesmo quando o Brasil dá
pinta de ter encontrado um rumo. Prova disso é que de lá pra cá a Argentina não
venceu mais.
Empatou com a Venezula fora de casa e também fora de casa repetiu o placar
de dois a dois diante do Peru. Nesse jogo esteve duas vezes em vantagem,
mas viu Cueva - esse
mesmo, do São Paulo, que acaba de fazer um belo clássico contra o Corinthians -
aos trinta e oito do segundo tempo, de
penalti, marcar o segundo gol peruano. Guerrero tinha feito o primeiro. Para
completar, na última rodada a Argentina perdeu
em casa para o Paraguai. Por essas e outras desembarcaram aqui fora da zona de
classificação para a proxima Copa do Mundo,
amargando uma nada brilhante sexta posição e tendo de ouvir a torcida se perguntar se a classificação para a Copa virá, isso dois meses após ter batido o
Uruguai e assumido a liderança. Algo muito parecido com o que vivíamos antes da chegada de Tite.
Mas Bauza não perdeu a pose, andou dizendo pra
quem quisesse ouvir que trabalha pra ser campeão do mundo e que vem ao Brasil
pra vencer. Fez questão de justificar a afirmação lembrando aos interessados
que o trabalho dele não faria sentido se não acreditasse que pode dar conta
disso. Coincidência, ou não, Messi não participou dos últimos três jogos da
Argentina, mas estará de volta hoje.
Ainda assim se o discurso de Bauza soa um
tanto pretensioso, pretensiosa também será qualquer análise que venha a sugerir
que Tite a essa altura já consertou a seleção brasileira. Mesmo porque os
grandes problemas que o futebol brasileiro tem pra resolver não passam
exatamente pelo futebol da seleção. Mas o que sem dúvida Tite fez foi resgatar o
interesse do torcedor pelo time nacional. Chego a duvidar que algum apaixonado
por futebol não mova mundos pra acompanhar esse Brasil e Argentina de hoje a
noite. Jogo tão grande que se vencermos nos dará a impressão de que realmente
viramos uma página
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