As histórias dos grandes campeões estão cheias de detalhes
impressionantes, acasos, superações. Mas talvez o correto fosse dizer
que quando alguém atinge esse patamar todos os detalhes que o levaram à glória
ganham estatura maior. E a história de Cesar Cielo nesse sentido não deve ser
diferente. Eis que na semana passada ficamos sabendo que ele não estará nos
Jogos do Rio. E não terá sido por falta de técnica nem de competência. Alcançar
o índice olímpico não foi problema para Cielo, que nadou abaixo dos exigidos 22
segundos e 27 centésimos. O problema foi um só: o tempo não tem piedade.
O mesmo
tempo que o consagrou com seus centésimos de segundo agora o condenou a
constatar que a vez é de outros. A ausência de Cesar Cielo na olimpíada causou
comoção na mídia, tomou conta dos seus companheiros de piscina. Não era pra
menos. Tomara que ele tenha entendido o momento, a beleza escondida em meio à
toda comoção. Como tantos outros campeões não esteve livre do fantasma do
doping, mas se fez um gigante.
Em setembro de 2009 fui convidado para apresentar
uma edição do programa Roda Viva, da TV Cultura. E o convidado era justamente
Cesar Cielo, que tinha acabado de voltar do Mundial disputado em Roma. Havia
derrotado o recordista mundial dos 50 metros livre e feito o melhor tempo da
história da competição. Acham que é tudo? Nos 100 metros também tinha sido
medalha de ouro, com direito a deixar para trás o então campeão olímpico, Alain
Bernard, e a bater o recorde mundial.
Como se não bastasse, no ano anterior, nos
Jogos de Pequim, Cesar Cielo já havia conquistado o bronze nos 100 metros livre
e o ouro nos cinquenta. E com detalhes que merecem lembrança. Na semifinal tinha
quebrado o recorde olímpico do russo Alexander Popov, que durava desde os Jogos
de Barcelona em 92. Feitos impressionantes que me fizeram anunciá-lo aos
telespectadores naquele dia como o mais novo entrevistado a estar no centro do
Roda Viva. Antes de Cielo os melhores resultados olímpicos da nossa natação
pertenciam a Ricardo Prado, prata nos 400 medley, em Los Angeles/84, e a Gustavo
Borges, prata nos 100 e nos 200 metros livre, em Barcelona/92 e Atlanta/96.
Pois
é! O menino de Santa Bárbara se tornou o nadador mais laureado da história da
nossa natação. Dono até hoje dos recordes mundiais dos 50 e dos 100 metros
livre. E,claro, não queria sair de cena justo agora. Mas deve saber mais do que
ninguém que tudo sempre foi uma questão de tempo.
Um comentário:
Querido Vladir,
Você deveria apresentar todos os episódios de Roda Viva, sem exceção. Grande abraço.
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