sexta-feira, 15 de abril de 2016

A pequena dúvida: Nós realmente ganhamos a Copa do Mundo ?



Não há enredo mais rocambolesco e que tenha alimentado tantas teorias conspiratórias como a final da Copa do Mundo de 1998. A convulsão de Ronaldo, as cenas mostrando um Ricardo Teixeira pra lá de apressado descendo as escadarias do Stade de France rumo ao vestiário brasileiro. A fúria de Edmundo, que diante dos acontecimentos virara titular por uma breve fração de tempo mas que, por decisões superiores, acabaria novamente na condição de reserva. Um drama que começou a se desenhar bem antes do placar apontar três a zero para os donos da casa. E não é que quando toda a poeira já tinha baixado nos aparece o meio-campista, Petit, perguntando se eles, os franceses, foram mesmo campeões mundiais ? 


Mas que dúvida poderia alimentar o sujeito se foi ele mesmo o autor de um dos gols naquele doze de julho? A dúvida é cruel, corrosiva, nos persegue feito sombra. E Petit a justifica dizendo que diante de tudo que está acontecendo agora ele se vê quase obrigado a perguntar a respeito. E está coberto de razão. Foi-se o tempo em que o futebol podia se esconder atrás de uma aura de seriedade. Hoje não, as notícias insistem em nos revelar as entranhas econômicas dele e, ao mesmo tempo, só fazem aumentar as nossas dúvidas a respeito do jogo. E isso nos faz colocar os pés em uma fronteira. Uma fronteira que definitivamente não queremos atravessar. Fronteira porque se um dia chegarmos a esse ponto teremos bezuntado toda a linda história do futebol mundial com o betume da farsa. Notem


Quando todas as negociatas envolvendo os direitos de transmissão vieram à tona se não chegaram a causar espanto foi porque no fundo, no fundo, sabíamos que isso era possível. O espanto nascia da constatação de que alguém, finalmente, iria provar o que nunca havia passado de suspeita. Tratava-se já de uma possibilidade dita à boca pequena. Com a lisura dos jogos não é diferente. Ou não paira no ar a sensação de que tudo é possível? Não é difícil entender o campeão francês quando diz que tem andado assustado, que vem se tornando um paranoico.


Petit ainda citou um penalti dado para o Brasil no jogo contra a Croácia em 2014. Um lance que não levou o Brasil a lugar nenhum. Para os dados a ver fantasmas eles estarão muito mais visíveis na Copa de 2002, justamente a que se seguiu à da França. E sobre a qual muito se dizia e disse. Sujeito desconfiado que sou chego a pensar se a declaração do francês não teria a intenção de deixar claro que ele nunca soube de nada, ou se ele anda perdendo o sono de verdade por achar que pode descobrir dias desses ter sido apenas um homem a encenar em campo um teatro comandado por poderosos. A dúvida de Petit nos serve, antes de tudo, para questionar o essencial, o tamanho da credibilidade do futebol nos dias atuais.

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