Deixe que eu use a intimidade que criamos depois de tanto tempo usando esse espaço para fazer uma pergunta: Você acredita que Pep Guardiola estava
dizendo a verdade quando afirmou que a nossa seleção precisa de um técnico
brasileiro? Eu não! Talvez não se trate de uma mentira, mas de uma omissão. Se
você não acompanhou o desenrolar dos fatos vou resumir. Tempos atrás, quando
Mano Menezes foi mandado embora da seleção, chegaram a noticiar que Guardiola
estaria disposto a abandonar o ano sabático que atravessava se fosse para
assumir o escrete brasileiro. Mais recentemente o lateral Daniel Alves
concedeu entrevista e fez o assunto voltar à tona, dizendo com todas as letras
que Guardiola já tinha até o time na cabeça e que nem pensava na questão
financeira.
Estranho que mesmo diante de todo o burburinho ninguém tenha feito o
óbvio: ir perguntar para Guardiola o que havia de verdade aí. Isso só se
deu dias atrás, quando um jornalista brasileiro esteve presente em
uma coletiva do treinador, ainda que lá estivesse por causa de outro assunto.
Custo a acreditar que esse homem - que foi capaz de se impor um ano
sabático, que estudou alemão para poder conceder sua primeira entrevista à
frente do time do Bayer naquela língua - acredite cegamente que o Brasil precisa
ser dirigido por alguém daqui. É um pensamento que destoa totalmente do que ele
representa.
E o que eu estou falando não deve redundar naquele papo furado se o
pessoal da CBF deveria ou não ter lhe procurado. Acho muito mais crível que
Guardiola, inteligente como é, tenha sacado o que iria provocar se dissesse que
teria topado a empreitada. Mais crível ainda é imaginar que como bom conhecedor
do mundo da bola jamais amarraria seu bode por aqui. Semanas atrás escrevi sobre
a ausência de técnicos estrangeiros no nosso futebol e recebi uma mensagem de um leitor fazendo questão de registrar que nem sempre fomos tão resistentes a eles.
Aqui tivemos Filpo Nuñez (fita azul com a Portuguesa Santista), Bélla Gutmann,e outros, que certamente nos deixaram algo de bom.
Acredito que se algum cartola por aqui
soube dessa disposição de Guardiola deve ter pensado que não cairia bem abrir as
portas para um estrangeiro justo na hora em que país se ufanava de receber
uma outra Copa. Maneira rasa de pensar. E é por essas e outras que digo, não
que Guardiola não combine com o futebol brasileiro, ele não combina é com o modo
como andam pensando o nosso futebol. Acho que teria sido uma bela continuação de
tudo o que conseguimos construir de mais bonito pelos gramados. Um último
respiro da sedução que nosso jogo exerceu sobre o mundo. Mas nada temos feito
para merecê-lo.
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