O que é ilusão, e o que não é, quando se trata de futebol? Não, não quero lhe pegar de calças curtas, como dizem. Mas, é que assim como se faz com a vida, todo mundo tem seu jeito de encarar o jogo. Há os que só acreditam na força da grana. E há os que depositam sua crença em outras táticas, bem menos ortodoxas. Embora me sinta pra lá de afinado com os que se enquadram no segundo caso não condeno os do primeiro. Afinal, como teria dito o escritor Oscar Wilde, o dinheiro não compra felicidade mas traz uma sensação tão parecida que só mesmo um especialista pra dirimir a questão.
E se faço disso meu tema é porque mesmo não
triunfando, não vencendo, são esses adeptos de estratégias menos pragmáticas que
emprestam algum colorido aos nossos horizontes. Vejam o caso de Paco Jimenez que
tempos atrás ganhou notoriedade ao fazer do time dele, o modesto Rayo Vallecano,
o único a ter mais posse de bola do que o Barcelona, acabando com uma hegemonia
que durava mais de quatrocentos jogos.
Visto como louco por muitos, o treinador
do modesto time espanhol só não é tão maluco a ponto de dizer que não quer
vencer. Mas deixa claro que, acima de tudo, quer que o time dele jogue bem e que
faça coisas esteticamente bonitas. Diz querer sair do estádio com os torcedores
em pé, aplaudindo o que foi feito em campo. Diante do que vivemos é praticamente
impossível dar de cara com um pensamento desse tipo e não imaginar muitos dos
nossos treinadores, com certo ar professoral, dizendo sem nenhuma paciência que
o Rayo Vallecano não é a seleção brasileira, não é Flamengo, não é Corinthians.
Como se alguém pensasse que é.
E tão interessante quanto confrontar visões é
ficar sabendo que mesmo com essa tática - que muitos podem considerar sem
sentido - um treinador de quarenta e poucos anos foi capaz de levar o time de
menor folha salarial da primeira divisão espanhola à melhor campanha da
história, uma oitava colocação. Mas.... continuamos adulando os clubes de
elencos caros. Calando quando ouvimos o papo sugerir que só por isso eles estão
mais perto do triunfo. Fazendo cara de espanto quando naufragam em meio às suas
cifras de dar inveja aos adversários. Olha, sei muito bem em que tipo de tática
ponho fé. Deve ser por isso que me identifico tanto com uma frase da música
Canção Noturna, do Skank. Aquela que diz: " Camarada, acredito em tanta coisa
que não vale nada".
Nenhum comentário:
Postar um comentário