O fato que mais me chama a atenção
neste primeiro momento pós encerramento da temporada é a importância que tem
sido dada aos chamados diretores de futebol. Do jeito que o barco anda esses
executivos tem tudo para, num espaço muito breve de tempo, desfrutar da mesma
pompa que transformou os treinadores em verdadeiras estrelas. Não duvido da
capacidade deles e tampouco desprezo a contribuição que possam dar. Mas, como é
difícil acreditar que de uma hora pra outra os clubes passaram a perceber a
importância de apostar em profissionais com determinada formação, essa rápida
veneração me intriga. E me faz pensar se foram os cartolas que despertaram para
algum detalhe ou se foi a mídia que, uma vez tendo aumentado a exposição dos
tais profissionais, acabou por desencadear esse processo. Num primeiro momento o
fato de os clubes se preocuparem em ter em seus quadros alguém reconhecidamente
capacitado para negociar e montar elencos sugere avanço. Só o tempo dirá com mais exatidão do que se trata.
Outra questão que
queria colocar nesse balaio aqui diz respeito à situação financeira caótica dos
clubes brasileiros. Que a situação é essa todo mundo sabe. Mas nada me tira da
cabeça que desde que o tal projeto de refinanciamento das dívidas dos clubes - a
chamada Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte - passou a fazer parte do jogo
a coisa mudou muito. Ninguém mais faz questão de esconder seus números. Algum
tempo atrás descobrir o quanto um time devia de verdade exigia uma boa apuração,
convencer um cartola a falar abertamente sobre o assunto, então, nem se fala. De
repente, tudo passou a ser dito às claras. Teve até presidente de clube
confessando que tinha deixado de pagar tributos por acreditar cegamente que o
governo não tardaria a lhe mandar a tábua de salvação.
Nunca foi tão corriqueiro
falar em atraso de salários como nessa temporada. A questão é que com todo o
movimento sendo feito em Brasília para que o projeto seja aprovado nada me tira
da cabeça que, a partir daí, os clubes fizeram questão de caprichar na
dramaticidade. Aos que duvidarem os cartolas farão questão de mostrar seus
balanços, que nada mais fazem do que provar a incompetência administrativa que há tempos impera. E
vejam! De uns tempos pra cá, o valor dos direitos de transmissão aumentou
espantosamente, o número de sócios torcedores também e o preço dos ingressos
idem. Ainda assim o buraco é cada vez maior. É por essas e muitas outras que,
diante de tudo que anda acontecendo com o nosso esporte - e com o nosso país - aquele velho nariz de palhaço usado dias trás pelos jogadores de vôlei para
protestar contra as denúncias de irregularidades envolvendo a Confederação da
modalidade fariam muito sentido se estivessem na ponta do nosso nariz
também.
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