sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Notícias do circo

 
O fato que mais me chama a atenção neste primeiro momento pós encerramento da temporada é a importância que tem sido dada aos chamados diretores de futebol. Do jeito que o barco anda esses executivos tem tudo para, num espaço muito breve de tempo, desfrutar da mesma pompa que transformou os treinadores em verdadeiras estrelas. Não duvido da capacidade deles e tampouco desprezo a contribuição que possam dar. Mas, como é difícil acreditar que de uma hora pra outra os clubes passaram a perceber a importância de apostar em profissionais com determinada formação, essa rápida veneração me intriga. E me faz pensar se foram os cartolas que despertaram para algum detalhe ou se foi a mídia que, uma vez tendo aumentado a exposição dos tais profissionais, acabou por desencadear esse processo. Num primeiro momento o fato de os clubes se preocuparem em ter em seus quadros alguém reconhecidamente capacitado para negociar e montar elencos sugere avanço. Só o tempo dirá com mais exatidão do que se trata.

Outra questão que queria colocar nesse balaio aqui diz respeito à situação financeira caótica dos clubes brasileiros. Que a situação é essa todo mundo sabe. Mas nada me tira da cabeça que desde que o tal projeto de refinanciamento das dívidas dos clubes - a chamada Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte - passou a fazer parte do jogo a coisa mudou muito. Ninguém mais faz questão de esconder seus números. Algum tempo atrás descobrir o quanto um time devia de verdade exigia uma boa apuração, convencer um cartola a falar abertamente sobre o assunto, então, nem se fala. De repente, tudo passou a ser dito às claras. Teve até presidente de clube confessando que tinha deixado de pagar tributos por acreditar cegamente que o governo não tardaria a lhe mandar a tábua de salvação. 

Nunca foi tão corriqueiro falar em atraso de salários como nessa temporada. A questão é que com todo o movimento sendo feito em Brasília para que o projeto seja aprovado nada me tira da cabeça que, a partir daí, os clubes fizeram questão de caprichar na dramaticidade. Aos que duvidarem os cartolas farão questão de mostrar seus balanços, que nada mais fazem do que provar a  incompetência administrativa que há tempos impera. E vejam! De uns tempos pra cá, o valor dos direitos de transmissão aumentou espantosamente, o número de sócios torcedores também e o preço dos ingressos idem. Ainda assim o buraco é cada vez maior. É por essas e muitas outras que, diante de tudo que anda acontecendo com o nosso esporte  - e com o nosso país - aquele velho nariz de palhaço usado dias trás pelos jogadores de vôlei para protestar contra as denúncias de irregularidades envolvendo a Confederação da modalidade fariam muito sentido se estivessem na ponta do nosso nariz também.

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